quarta-feira, 7 de julho de 2010

Barra 68 - Sem perder a ternura


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Documentário brasileiro feito em 2000. Retrata a decadência da UnB e o sofrimento dos estudantes brasilienses, que chegou ao ápice em 1968. Dirigido por Vladimir Carvalho, se tornou em uma das cinematografias mais relevantes sobre a ditadura militar brasileira. Apesar da falta de apuro técnico, o conteúdo fez com que a obra tenha valor inestimável. Esse filme nasceu com a declaração de Darcy Ribeiro, que tinha como sonho construir uma universidade completamente moderna e diferenciada. Sonhos esses que foram interrompidos pela era ditatorial.

A UnB nasceu para ser uma universidade autônoma, com pensamentos originais e críticos. Infelizmente ela nasceu em 1962, dois anos antes do Golpe Militar e seis anos antes do AI-5, que arrasou qualquer direito civil e individual que existia até a época. E, claro, minou o futuro de qualquer geração que existia até aquele tempo (e as futuras, como o filme pode comprovar).

A universidade não sofreu como as outras instituições durante a ditadura. Não, ela foi uma das que MAIS sofreram. Sendo invadida pelos militares desde o começo, fez com que quase 90% dos professores se demitissem como uma forma de protesto coletivo. Além disso, muitos estudantes foram presos e humilhados, sendo aprisionado em quadras de basquete e no Teatro Nacional. A crise na UnB fora tão forte que ela se tornaria uma das principais responsáveis pela implementação do AI-5. No filme é mostrado também como a UnB se fortaleceu como ensino público, mas que perdeu todo seu ideal de criação, deixando de a tal universidade moderna que ela tinha potencial de ser.

O filme também conta com registros de imagens e sons feitos na época, raros no dia de hoje. Certa parte foi encenada para chamar mais a atenção do espectador, mas apenas os registros e depoimentos das pessoas que viveram o momento já são mais que suficientes. É uma jóia para o cinema Brasileiro. Uma jóia que fala criticamente, mostrando todos os podres abertamente, mas sem acusar. Assim como devia ter sido a universidade desde que ela nascera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário