sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Gasparzinho - o fantasma camarada

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Casper

Filme estadunidense de 1995 do personagem fantasma que marcou gerações inteiras de crianças pelo mundo afora. O filme é voltado para crianças (e adoradores do divertido e carente fantasma, é claro).

Tudo começa com uma Carrigan Grittendon, vilã em todos os aspectos, que recebe uma mansão condenada em um testamento. Quando ela descobre que há um tesouro (que no final se revela ser mais pessoal do que financeiro) e uma máquina que faz fantasmas voltarem a vida, decide botar a casa abaixo. Só que alguns fantasmas que assombram a casa não o permite, espantando a todos que lá entram. Assim, chamam um terapeuta de fantasmas para cuidar do caso. É ai que entra em cena James Harvey e sua filha Kat. Ele havia perdido sua mulher e tenta constantemente entrar em contato com ela.

Nisso eles acabam conhecendo Clicka, Fatso e Stinkie, três fantasmas aloprados e grosseiros que só pensam em se divertir a custa do sofrimento dos outros. Casper é o “sobrinho” deles, quase um escravo, que tem como maior sonho ter amigos. É assim que ele se apaixona por Kat. No fim, ele consegue realizar o desejo de ser humano por alguns momentos em uma festa de halloween (lembrando o conto de Cinderela) e beijar Kat. E o maior desejo de James se realiza ao ver sua mulher como um anjo.

Em um filme que nem a morte é levada a sério (Carrigan morre, seu serviçal Dibbs morre e James morre) é obvio que o filme não foi feito para ser levado a sério. James renasce, Carrigan cai na própria armadilha em dizer que está muito realizada depois de morta (pois os que permanecem como fantasmas têm assuntos a resolver) e não consegue tempo para entrar na máquina e renascer e, apesar de Casper não poder renascer, todos ficam bem.

É apenas diversão. E quem não riu daquela cena barata das crianças gritando desesperadas ao ver o gasparzinho? Só faltava aparece os ventiladores que jogaram os cabelos daquela criançada pra cima (pra parecerem arrepiados). Sinceramente? Adorei.

domingo, 14 de novembro de 2010

Dança dos Vampiros

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

The fearless Vampire Killers


Filme estadunidense de 1966, dirigido e protagonizado por Roman Polanski. Foi graças a esse filme que o diretor se casou com a atriz Sharon Tate em 1968. Ela era um dos maiores sexy simbols da época e foi morta a facadas em 1969, grávida de oito meses, pelo famoso serial killer Charles Manson. Principalmente pela história de Polanski, que não só sofreu esse episódio, como já havia passado pelo holocausto da Segunda Guerra Mundial (era um judeu polonês e sua mãe morreu no campo de concentração). Em 1978, saiu dos Estados Unidos para sempre, ao ser acusado de pedofilia por uma garota de 13 anos (enquanto ele tinha 43 no momento). Então, é possível entender a aura que rodeia o filme além da divertida história que ele já o é.

Livremente baseado no conto do Drácula de Bram Stocker, Polanski faz o papel de Alfred, um jovem inexperiente, covarde e apaixonado por Sarah (Tate), filha dos receptivos donos da casa em que se encontrava para o estudo de vampirismo. Tem como mentor o Alfronsius, com aparência bastante semelhante à de Albert Einstein. Ambientado na própria Transilvânia, eles encaram Von Krolock, que os recebe muito bem. E lá, finalmente afirmam suas suspeitas sobre a existência de vampiros e tenta matar a todos eles (Von é um deles).

No meio disso, Sarah é raptada e levada pro castelo de Von Krolock, o pai de Sarah, Sr. Shagal, é transformado em vampiro e Herbert, filho de Von, se apaixona por Albert. Assim, se inicia um rodeio que mistura comédia e terror constantemente. Com poucos diálogos e muita música, o expectador é capaz de rir com as reações bizarras de cada personagem (como um gritinho bem afiado de Albert e uma Sra. Shagal batendo a cabeça na parede de tanta tristeza pela morte do marido). E os vampiros peculiares? Sr. Shagall, que é judeu, quando vampiro, não tem medo da cruz. Herbert é um vampiro homossexual. Von Krolock é um vampiro culto, interessado em ciências naturais (principalmente em morcegos), chegando até a pedir um autógrafo para Alfronsius. Também conta algumas críticas cômicas, como o papo de um vampiro orador ser bem próximo a de um pastor (com a clara diferença que, enquanto um fala de Deus, o outro fala de Lúcifer) e a falta de banho do povo local, quando o pai de Sarah insiste em espancá-la por ela gostar de tomar banho toda hora (a garota vive na banheira).

Por fim, depois de cenários exageradamente empoeirados, personagens extremamente caricatos e um recurso bastante utilizado de fazer a imagem ficar acelerada, os objetivos dos personagens são descritos: Von Krolock quer dominar a terra com os vampiros e Alfronsius quer impedir que o mal vampiresco se espalhe pelo mundo. Pena, pois no final, Sarah se revela vampira e morde Alfred. Alfronsius não vê e acaba levando os dois para fora da Transilvânia, acabando por espalhar o mal que tanto tentou deter.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Across The Universe

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Musical estadunidense de 2007 ambientado nos anos 60 dos Estados Unidos, no auge dos movimentos estudantis. Dirigido por Julie Taymor, teve como diferencial é que toda história gira de acordo com as músicas da banda The Beatles. Ao todo, foram usadas 31 músicas e todas tiveram sua composição modificada, mantendo apenas a letra original. Todos os personagens tiveram seus nomes tirados de músicas do Beatles. O filme também teve como destaque, os convidados especiais: Bono Vox (da banda U2), Joe Cocker (músico pop influenciado pelo soul music) e Salma Hayek (atriz protagonista do filme Frida, de mesma diretora).

Tudo começa com Jude (da música Hey Jude) saindo de Liverpool (cidade onde nasceu os Beatles) clandestinamente para encontrar seu pai nos EUA. Chegando lá, o encontra na Universidade de Princeton, mas sem ilusões nem esperanças, depois de conversar não mantém mais o contato (foi apenas mais um caso de marinho com uma nativa de outro país). Lá, conhece Max, um estudante da elite americana rebelde, que decide abandonar os estudos para ir pra Nova York. Jude o acompanha e se tornam melhores amigos.

Lucy é a irmã de Max, que namorava um soldado em serviço (que mais tarde iria morrer em campo) e se sentia muito solitária. Acaba conhecendo Jude antes de eles irem para Nova York. Quando termina a escola decide visitar Max em NY e revê Jude, se apaixonando por ele (e vice versa). Tudo isso em meio a músicas de Beatles, aonde cada personagem vai entrando na vida deles, complementando o repertório musical. Jo-jo e Sadie foram baseados no guitarrista Jimi Hendrix e na cantora Janis Joplin. E Prudence aparece no filme para que possa ser cantada a música Dear Prudence. Aparece músicas também ligadas não somente à pessoas, como a Strawberry Fields, que fez uma homenagem à marca Apple (marca da gravadora de Beatles). Um detalhe que merece ser contado: todas as músicas são realmente cantadas pelos atores e 90% delas foram feitas durante a atuação (não em gravação em estúdio como normalmente são feitas).

A crítica social do filme começa com a guerra civil que explodiu em Detroit, com a música Let It Be que começa sendo cantada por um garotinho negro e termina com um coral de negras no enterro desse mesmo garoto. Passa pelo alistamento obrigatório, mostrando a falta de escolha dos jovens ao representarem os cantores carregando a Estátua da Liberdade e toda a força da propaganda “I Want You”. E termina nas revoltas estudantis, mostrando a violenta repressão policial e a inconsequência do armamento dos estudantes (com a explosão da bomba caseira matando Paco, líder do partido revolucionário).

Lucy e Jude entram em conflito quando uma se torna extremamente idealista e o outro, cético. Max, por ter largado a faculdade, é chamado para se alistar e é aprovado no exército. Os jovens pareciam tão perdidos que alguma das soluções achadas era ir pro circo (como Prudence fez) ou partir para o horizonte transcendental (como Beatles realmente fizeram). O interessante é que, apesar de toda psicodelia referente às drogas no filme, não há nenhuma droga circulando no meio dos protagonistas.

O fim das criticas e da visão jovial acontece quando Max volta ferido da guerra, Sadie e Jo-jo brigam e se separam, Jude é espancado, preso e deportado de volta para Inglaterra e Lucy sai do partido revolucionário quando os estudantes começaram a se armar. Dessa vez, começam a agir corretamente: Max vira taxista, Sadie e Jo-jo voltam a ficar juntos e estouram na rádio, Jude volta pros Estados Unidos com visto na mão e Lucy fica com ele (não sei se para sempre). Eles podem não ter mudado o mundo, mas aprenderam a amar.

sábado, 6 de novembro de 2010

Los Angeles - Cidade Proibida

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

L.A. Confidencial

Filme estadunidense de 1997 policial que resgatou o estilo Noir, tão desaparecido no cinema da atualidade. Levou o Oscar de “melhor atriz coadjuvante” e “melhor roteiro adaptado”. O elenco consiste nas maiores estrelas da época: Danny De Vito, Russel Crowell, Kim Basinger, Kevin Spacey, Guy Pearce, James Cromwell, David Strathairn e outros. É ambientado numa Los Angeles dos anos 50, momento áureo da cidade que tinha cidadãos como Marilyn Monroe e Frank Sinatra. E toda sua trilha sonora é baseada no estilo musical da cidade à época: swing jazz.

Há várias características que levam a crer que o filme é Noir. Envolta a uma teoria da conspiração, há uma femme fatale que não representa bem uma mulher moral (ela era prostituta), os personagens agem de acordo com a expressão “os fins justificam os meios” e tudo acontece num mundo cínico, corrupto, violento e ganancioso. Sendo que mostra o submundo da polícia que era considerada uma das melhores do mundo, o filme se garante como Noir facilmente.

“A vida é boa em Los Angeles. É o paraíso na terra.”

O filme já começa com uma pancada de propagandas otimistas e fotos de artistas ligados a Los Angeles. O “american way of life” nasce lá e todos tem como objetivo pelo menos uma dessas opções: dinheiro ou fama. Ou os dois ao mesmo tempo. A ostentação é extrema e a ordem é o progresso (financeiro e artístico, é claro).

Numa polícia conhecida pela mídia como a melhor do mundo, cada um tem seu meio para crescer, enriquecer e ficar famoso. E isso envolve extorsões, parcerias ilegais, excesso de violência e muita, mas muita corrupção. Bud White é o violento (quase psicótico) policial que faz de tudo para ajudar as mulheres, e usa as mãos para resolver qualquer problema. Jack Vincennes é o policial estrela. Sempre aparece na TV e formou uma parceria com o jornalista Sid Hudgens para a cada prisão seja feita uma grande matéria. Hudgens é jornalista da revista Hush-Hush. Faz uso de sensacionalismo, mentiras e parcerias ilegais para conseguir suas matérias. Ed. Exley é o policial filho de outro grande conhecido tenente. Ele quer mudar toda a violência existente e ser o chefe da área de homicídios sendo correto. Para isso, acaba sendo dedo duro de seus colegas e odiado por toda a turma. Dudley Smith é o chefão da polícia, respeitado policial desde muito tempo (e sem muitos escrúpulos).

Para todos esses policiais, temos os antagonistas. O principal é Mickey Cohen, o rei das extorsões, prostituição, drogas e do crime organizado. Patchet é um rico comerciante que tem como atividade secreta o controle de uma casa de prostituição peculiar. Todas as prostitutas de lá personificam alguma atriz famosa. É lá que se encontra Lynn, personificando Veronika Lake, que será objeto de paixão de Bud White (e vice versa).

Toda a trama começa com o massacre de Nite Owl, um restaurante onde morreram diversas pessoas, entre elas uma prostituta que se parecia com a Rita Hayworth e o parceiro de Bud White, Steiland. Todo o assunto é resolvido quando Ed Exley mata todos os supostos assassinos (negros com antecedência na polícia) e acabam salvando uma garota que estava por lá. Assim, Ed é condecorado com medalha de honra. Mas, aos poucos, vão sendo descoberto vários furos: Jack descobre a existência da Flor de Lis (a tal empresa que cuida das prostitutas-estrelas de cinema); Bud descobre que Steiland estava com a “Rita Hayworth” e que haviam matado um ex-policial que estava envolvido com Patchet (e 12 quilos de heroína); Ed descobre que a vitima salva havia mentido para ele só para conseguir sua vingança (sabia que se não mentisse, os estupradores dela nunca seriam condenados). E mais uma coisa estranha, os capangas de Mickey começaram a serem mortos um por um após a prisão do próprio Mickey.

Então, o roteiro mostra sua verdadeira face: a de um quebra-cabeça. Uma por uma, a história vai se encaixando e percebe que ninguém é inocente no meio da história. Ao mesmo tempo, Bud e Jack revêem seus conceitos e resolvem agir de forma mais ética e apurar o assunto e Ed corre atrás dos verdadeiros assassinos ao descobrir que havia matado as pessoas erradas.

E, assim, tudo começa a dar resultado, só que negativo: Jack Vincennes descobre que era tudo jogada de Dudley, que queria dominar o crime organizado, agora que Mickey havia sido preso. Acaba morto pela descoberta (mas consegue passar, através de um código, a descoberta para Ed Exley). Morrem também o jornalista Sid Hudgens e Patchet. A única coisa que deu errado foi entre Bud e Ed. Dudley tentou fazer com que um matasse o outro (quem vivesse seria preso) ao usar Lynn (os dois haviam transado com ela). Só que eles acabaram se juntando, por causa das descobertas, que culminou numa cilada no Victory Hotel. Lá, Dudley e todos seus capangas foram morto e Bud saiu extremamente ferido.

Por fim, ao contar toda história, Ed Exley descobre que todo o caso nunca iria para a mídia, por até a promotoria estar envolvida no meio dos casos. Então ele resolve jogar. Aceita Dudley ser declarado como herói na mídia e se torna o novo chefão da polícia. Bud se afasta de tudo e vai morar com Lynn no Arizona. E tudo fica bem. E a corrupção continua, logicamente.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Noiva Cadáver

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Tim Burton’s Corpse Bride

Animação musical estadunidense de 2005 dirigido por Tim Burton. Foi a primeira animação em stop motion a usar o programa Final Cut da Apple para ser construída. Teve, para a dublagem de seus protagonistas, John Depp (ator preferido de Tim Burton) e Helena Boham Carter (esposa de Tim Burton), ambos talentosos atores.

A história é baseada num conto russo judaico, ambientado numa Inglaterra Vitoriana. Fazendo o uso de cores, conseguiu criar uma critica social ao mostrar uma Inglaterra cinza, sombria, pouco receptiva e solitária com o uso do tom acinzentado. Já no mundo dos mortos, colorido, animado e musical, os espectadores poderiam criar uma afinidade maior, apesar de suas peculiaridades assustadoras (larvas dentro de cérebros, corpos pela metade e cabeças falantes). Acrescentando um amor platônico e o contraste das cores com a natureza e a música, o filme consegue ser romântico e macabro ao mesmo tempo. E consegue mostrar do que o amor e a ganância são capazes.

Na critica social, temos personagens caricatos da sociedade Londrina da época. Um casal, parte da nobreza, aceita pela sociedade, arranja um casamento (a contra gosto) para a única filha que têm: Victória. Por falta de dinheiro, é claro. O casal rico, comerciante de peixes, aceita casarem seu único filho: Victor. Para serem aceitos no high society, é claro. Os dois não poderiam ser mais caricatos: Victória é humilde, melancólica e educada; Victor é covarde, estabanado e tímido. Nessa história também entra o Lorde Barkis, com toda a pompa que um vilão deve ter. A diferença é que, ao invés de Victor e Victória sofrerem com o casamento e se odiarem, acabam gostando um do outro e desejando se casarem o mais rápido possível. Só que, na troca de votos de casamento, Victor se atrapalha todo e tudo dá errado. Ele sai correndo para a floresta e deixa o caminho aberto para Lorde Barkis (que acreditava que Victória e sua família eram riquíssimas) pedi-la em casamento. Seus pais, que acreditam na riqueza de Lorde Barkis, aceitam e tudo acontece.

Na floresta, depois de toda a confusão, Victor, frustrado por sua covardia, treina os votos de casamento e, sem querer, acaba pedindo à Emily, uma morta, em casamento. O maior sonho dela era se casar com alguém que a ama, após de ter sido morta vestida de noiva por um rapaz que só queria roubar seu dinheiro. Quando Victor a pede em casamento, ela reecontra o seu amor (ou, pelo menos, ela acredita nisso) e insiste em fifcar com ele para sempre. Acaba o levando para o mundo dos mortos, no qual ele conhece boas pessoas, revê seu velho cachorro Sparks (agora como esqueleto puro) e acaba aceitando um casamento real (que só pode acontecer se as duas pessoas tiverem vivas ou igualmente mortas) ao saber que Victória vai se casar com o Lorde. Nesse casamento, ele tomaria um veneno, para morrer e ficar com Emily para sempre. Mas tudo com uma única condição, eles deviam se casar no mundo dos vivos.

No mesmo tempo em que volta para o seu mundo, Lorde Barkis descobre que Victória não é rica e a renega. Ela acaba vendo o casamento de Victor e Emily vê o amor que nutre nos olhos de Victória por ele. Assim, Emily desiste do casamento sabendo que não seria certo destruir um amor verdadeiro. Já bastava o seu destruído. Por fim, descobre que Lorde Barkis foi o responsável por sua morte. Ele acabou morrendo também, após de tomar o veneno achando que era vinho. E morre novamente após os mortos o atacar pelo que havia feito com Emily. Assim, com a vingança feita e o coração em paz, a noiva cadáver tem sua apoteose e se livra do mundo dos mortos para fazer parte da natureza. Nada como o amor para deixar uma Inglaterra cinzenta e industrial, mas bonita e colorida. Não que eles realmente conseguissem, mas a tentativa foi boa.