terça-feira, 28 de setembro de 2010

Uma vida sem Limites

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Beyond the Sea

Filme estadunidense protagonizado e roteirizado por Kevin Spacey, foi filmado em 2004 e conta a história de Bobby Darin. Seu nome verdadeiro é Walden Robert Cassotto e ficou muito conhecido por suas canções e atuações em filmes hollywoodianos.

“Lembranças são como raios de luar. Fazemos o que quisermos com elas.”

Vítima da febre reumática, que o manteve na cama durante toda a sua infância, era garantido que não iria viver até os 15 anos. Foi abandonado pelo pai e criado pela mãe, aprendendo a cantar e dançar desde cedo. Ao perceber que poderia viver muito mais do que aquilo que os médicos garantiram, começou a correr atrás de uma carreira como cantor. E assim ele lança aquela música que o tornaria em um ídolo para os adolescentes: Splish Splash.

Resolve também atuar nos cinemas de Hollywood, onde conhece a sua futura mulher e também estrela de cinema: Sandra Dee. Ela ainda era jovem, tímida, recatada e limitada pelas opiniões de sua mãe. Depois de conhecer Bobby, começa a se libertar e troca sua mãe por Bobby (quando viu que não havia como manter os dois). Depois de casados, começaram a disputar o estrelato e sucesso. Tudo começou a desandar quando Sandra teve um filho (Doddy, que mais tarde iria escrever um livro sobre o relacionamento dos dois) com ele e não conseguia criá-lo. Além disso, não podia atuar em seus filmes ao ter que sair em turnê com seu marido.

“Não se pode errar com a verdade.”

É perceptível como a ambição de Bobby Darin movimentou a vida dele. O objetivo que ele havia criado com a mãe era em ser mais famoso que Frank Sinatra. No final, ele realmente o conseguiu, apesar de sua mãe não viver o suficiente para poder vê-lo. Ganhou muitos prêmios e ganhou destaque nas rádios e nos cinemas. No auge da fama, se mostrou extremamente perfeccionista, beirando ao exagero. Apesar disso, agradava a todos, principalmente aos participantes de sua banda.

Sendo contra políticas conservadoras (fato perceptível ao colocar um comediante negro numa época que isso não era aceito), Bobby Darin passa a se engajar politicamente, sendo contra a Guerra do Vietnã e apoiando Bobby Kennedy. Paralelamente, suas músicas começaram a sair de moda e o cinema enfraqueceu, passando a pegar filmes fracos e sem visibilidade.

“Talvez não tenha tido um pai, mas você teve duas mães.”

Quando finalmente decide entrar na política, sua irmã revela ser a verdadeira mãe dele (e sua mãe era, na verdade, sua avó), para que ele não possa ser prejudicado depois. Em choque, ele se isola, arrebenta todas suas recordações de um passado glorioso e se isola num trailer (é nesse momento que ele abandona Sandra Dee). Lá ele passa a criar canções políticas que, em público, não fazem sucesso. Todos queriam ouvi-lo cantar Dream Lover, uma de suas canções mais famosas do passado. Para piorar, ele foi taxado de hippie, uma ofensa para a época. O plano que ele havia construído com sua mãe havia acabado. Infelizmente, sua doença do passado não o havia esquecido e Bobby Darin morre numa cirurgia do coração em 1973 aos 37 anos.

“Não é assim que acaba. Bobby Darin não morre.”

O filme mostra sempre o lado criança de Bobby Darin ao mostrar ele, em sua forma de menino, como espectador dos shows e principais momentos da vida do grande cantor. Ele veria essa criança sempre. E ela ficou com ele até a sua morte. A estrela Bobby Darin nunca morrerá, mas a criança sim. E a vida segue. E muitas serão como a dele: sem limites.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Vestido de Noiva

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Filme de 2006 baseado na obra-prima de Nelson Rodrigues. Escrita em 1941, é uma das dramaturgias mais conhecidas e confusas de Rodrigues. Inclusive, foi dessa literatura que surgiu a dramaturgia moderna brasileira. Levou o Prêmio ACIE em “melhor atriz”.

A história se baseia em três planos: realidade, loucura (sonho) e lembrança. Esses planos são unidos constantemente, numa reconstrução atemporal, deixando o espectador na dúvida sobre qual seria a realidade afinal. Tudo acontece no período da 2ª Guerra Mundial (e um pouco depois). A história começa a partir do momento em que Alaíde e sua família se mudam para a casa da antiga cafetina Madame Clessi. Ela havia sido morta com uma navalhada por um jovem amante de 17 anos. E nessa casa, Alaíde encontra o diário e algumas roupas dessa Cafetina e passa a se deslumbrar pela história dela.

E então, ela é atropelada por um carro. E julga que isso foi intencional. Nisso, ela perde a memória. Bate no prostíbulo de Madame Clessi e pede ajuda a ela, para se recordar do que aconteceu. Sim. Madame Clessi está morta. Fica obvio que este é o plano da loucura ao Clessi aparecer bela, feliz e bem-humorada. As ‘empregadas’ da casa disseram que ela havia morrido feia, gorda e cheia de varizes. E que havia sido enterrada vestida de branco, como uma noiva. Juntas, passam a relembrar não só o passado de Alaíde, mas como também o de M. Clessi, que também não sabe como morreu.

Enquanto isso, ela se encontra no hospital em coma. Os jornalistas passam a publicar o acontecido e descobrem que foi um acidente. Apenas um acidente. Alaíde acha que matou Pedro, seu marido. E um senhor no Bordel a chama de Assassina. Ao mesmo tempo, ela se recorda em ter vestido as roupas sexys de Clessi para o seu marido e ele a ter rejeitado por isso. Então, joga um vaso na cabeça dele e o mata. Assim ela se sente livre. Também percebe que o ama. Por fim, descobre que a ‘mulher do véu’ é o verdadeiro motivo da morte dele.

Alaíde passa a se recordar do dia em que casou com Pedro. E descobre que a ‘mulher do véu’ é a sua irmã Lúcia. Ela conta que Pedro era seu namorado anteriormente, apesar dele nem sequer reconhecê-la (ou fingir isso), e se mostra ressentida pelo casamento de Alaíde. As duas passam a disputar os homens e seus charmes até a Lúcia ameaçá-la de morte, para assim poder casar com o Pedro. É por isso que Alaíde acredita que o atropelamento havia sido proposital. E percebe que a morte do marido era apenas uma ilusão. Uma vontade. Descobre também que ele a traia sempre.

Clessi se lembra da história ao lembrar-se do rosto do filho que morreu novo. O jovem amante se chamava Alfredo Gummont (em homenagem a peça La Traviata) e eles eram realmente apaixonados. O que entrou no caminho deles foi a pouca idade de Alfredo. A mãe dele descobre tudo e confronta Clessi, que a expulsa da casa após de entender a hipocrisia dela e perceber que ela havia ferido seu orgulho. Por fim, ela decide abandoná-lo. Ele não aceita bem, a mata e depois se mata.

Alaíde, em seu confronto com sua irmã, passa a ofender a mãe (dizendo que ela transpira muito) lembrando bem a infância e suas brigas fraternais. Alaíde morre do coma. O pensamento de que tudo seria apenas um drama de classe média inventado por Alaíde cai por terra quando Pedro confirma ter aprontado tudo e que a idéia havia saído da própria Lúcia. Assim, ele poderia casar com Lúcia. Só que Lúcia sofre muito com a morte da irmã, e se sente assombrada pela tal. Apesar de ter sempre desejado a morte da irmã, é a que mais sente falta.

Ao entender tudo, Alaíde finalmente se liberta e perdoa a irmã. No casamento de Lúcia e Pedro, Alaíde aparece vinda do altar vestida de noiva ao som da marcha fúnebre. Ao mesmo tempo, Lúcia segue em direção do altar ao som da marcha nupcial. Ao se encontrarem, Alaíde entrega seu buquê a Lúcia e segue com Madame Clessi para a morte. Lúcia, mesmo sabendo que era ilusão dela, se sente melhor e segue em direção ao seu noivo. Uma conseguiu o direito de viver feliz com quem queria. A outra ganhou o direito de seguir para a morte após de uma vida que nunca lhe seria suficiente. Talvez, se permanecesse viva, Alaíde poderia realmente matar seu marido e, por fim, ser morta por sua irmã. Mas essa é outra história. Uma história que não acontecerá.



segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Joana D'Arc


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

The Messenger: The Story of Joan of Arc

Filme francês e estadunidense filmado na Republica Tcheca em 1999. Seguindo o gênero épico, conta a história de Joana D’Arc, uma camponesa francesa que dizia ouvir vozes (que, hoje dizem, ser da Santa Catarina) que se tornou uma heroína francesa e, mais tarde, padroeira da França. Levou o Prêmio César nas categorias de “melhor figurino” e “melhor som”.

“Sigam-me, e lhes trarei a vitória.”

Em 1429, a França se encontra sob o domínio da Inglaterra. A família real lutava pelo trono e pela independência do país. A principal cidade (Orleàns) se econtrava sob o domínio inglês. E o tesouro real havia ruído. Joana D’arc, uma camponesa de 17 anos se apresenta ao rei Valois como uma mensageira de uma voz. E essa voz dizia que a missão dela seria salvar a França. E pede ao rei um exército.

Quando mais jovem, Joana D’Arc viu sua aldeia ser destruída pelos ingleses e sua irmã morta e violada por um dos invasores. Já nessa época era capaz de ouvir vozes e as contava para um padre que a aconselhava a seguir essas vozes, desde que as mesmas sejam boas.

Para que o rei pudesse acreditar nela, põe outra pessoa no trono e finge ser mais um da corte real. Ela percebe que quem está no trono não é o rei e identifica o próprio, venerando-o. Nessa altura, ela já havia se tornado popular na França e era conhecida como a Condessa de Lorraine (nome de sua aldeia), então o Rei decide se arriscar e dá o exercito a ela. Assim, ela corta o cabelo como homem, veste a armadura de cavalheiro, monta no cavalo como homem e passa a liderar a batalha contra Orleàns.

Na batalha, ela passa a ter problemas na liderança por ser mulher, mas conquista o respeito de seus comandantes por sua bravura e estratégia militar (que diz ser enviada por Deus). Apesar de ser estressada e impulsiva, ela vence a batalha e recupera não só a cidade de Orleàns, mas também a auto-estima do exército. Os ingleses passam a considerá-la uma bruxa. E na batalha final, ela oferece paz a eles, que a aceitam. Mas mesmo assim, ela se surpreende e se indigna com o banho de sangue que foi.

“Você viu o que você quis ver.”

Depois dessa vitória, Valois é oficialmente coroado Rei da França em Reims num ritual apressado e desorganizado. É engraçado ver as igrejas tendo seus rituais ridicularizados (como o ato da confissão e o óleo sagrado). Joana quer continuar a batalhar e recuperar as áreas francesas que ainda estão sob o poder dos ingleses. O rei, mesmo sabendo que ela teria um exercito menor e decidido a não mandar mais apoio, a deixa ir na batalha. É nessa hora que ele a abandona. É nessa hora que tudo passa a dar errado. Ela perde a batalha em Paris e é capturada na batalha de Compiégne pelo Duque de Burgundy. Ele a troca por Ouro. E quem a paga? Não, a Inglaterra. A França não tinha recursos e muito menos disposição a pagar por ela. Já a Inglaterra, tinha muito a perder se ela continuasse em campo. O exército inglês já não queria lutar por medo dela.

Assim, ela é entregue as autoridades da Igreja. E, claro, o julgamento estava focado em arrancar a confissão de que ela havia praticado a heresia por qualquer custo. Assim, poderiam queimá-la. O padre de Roma, representante do vaticano, considera o julgamento uma farsa (sendo preso pelo comandante do exército inglês). Porém, em seu julgamento, Joana não se submete às autoridades da Igreja que a considera herege e decide pô-la na fogueira se ela não assinasse um documento indicando que as visões e vozes eram mentiras. Ela decide assinar por desespero ao saber que iria morrer sem se confessar anteriormente. Mas alguém do exército inglês entra na cela e coloca roupas de homem nela, sendo enviada de volta para fogueira. Dessa vez, sem volta.

Mas o mais interessante foi ver o julgamento interno de Joana D’Arc. Ela passa a receber a visão da “morte” em si que mostra que as visões e vozes não passaram realmente de acasos bem imaginados. Assim ela começa a se auto-sabotar. É como se ela descobrisse que ela tinha esquizofrenia. Percebe que suas ilusões eram mentiras e que a luta aconteceu por ela mesma. Havia lutado por vingança e pelo patriotismo gerado após da invasão em sua aldeia. E esse julgamento sim, foi muito mais severo que o da própria Igreja. Mas após se confessar para a sua “morte”. Ela vai para o fogo. E vai tranquilamente.

“Não me abandone, por favor. Onde está você?”

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Tosca

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Filme de 2001 baseado em uma das óperas italianas mais amadas do mundo. Obra prima de Giaconno Puccini, o filme fez parte da seleção oficial do Festival de Veneza. O filme é dividido em duas filmagens. Uma seria o ensaio da ópera em um estúdio, com fones e microfones em volta dos cantores e da orquestra. A outra seria a atuação dos tais cantores, com a orquestra em OFF e um cenário imaginário e teatral.

"Sossega sua alma. Sempre direi: Floria, te amo."

A história começa com o pintor Mario Caravadossi trabalhando na gravura de uma capela. Essa gravura deve representar a Maria Madalena. Por ironia, ele a pintou se baseando no corpo da mulher que (mesmo sem aparecer em nenhum momento) foi a peça chave para acontecer a tragédia final. Floria Tosca, sua amante e cantora da corte, aparece cheia de ciúmes pela gravura, mas o amor que um nutre por outro vence e ela sai de cena ainda enciumada e mais apaixonada. Em seguida, entra o seu amigo Angelotti, que fugiu da prisão após de ter sido preso por ser cônsul da extinta embaixada romana. Ele é irmão da menina que inspirou Mario a fazer a gravura e tem consigo roupas dela para se disfarçar e fugir pra bem longe. Por sua amizade, Mario o ajuda a se esconder no poço de seu jardim. O pintor é o mocinho da peça o tempo todo, se mostrando amável e leal.

“O veneno a corrói.”

Scarpia, o barão responsável pela prisão de Angelotti descobre que o fugitivo se escondeu com a ajuda de um cúmplice e tem a certeza de que o tal seria o pintor Mario. Então decide fazer um joguinho que é uma verdadeira homenagem ao Othello de Shakespeare. Com um lenço que encontrou na capela, fez com que Tosca acreditasse que o Mario estivesse com uma amante. Ela realmente acredita e vai atrás do pintor.

“Tosca, você me fez esquecer Deus.”

Após de cantar novamente na corte, Scarpia acua Tosca e a sonda para saber sobre Mario e seu fugitivo. Percebe que o ciúme dela acabou e que não havia amante nenhuma. Percebe também que começa a desejá-la. Então manda prender Mario e torturá-lo até ele dizer onde está Angelotti. Mesmo sob tortura, Mario não diz e força então Tosca a falar. Aproveitando-se do amor que ela sentia pelo pintor, ele passa a torturá-la psicologicamente com a tortura física de seu amante. E por fim, ela fala onde está o fugitivo para que Scarpia pare de torturar o seu amor.

“Você me pede uma vida, eu te peço um instante.”

Assim, Scarpia manda os dois para a forca. Um por fugir e o outro por trair sua pátria. Tosca entra em pânico e tenta entrar em acordo com o barão. Então ele diz que irá simular a morte do pintor em um fuzilamento e ela terá que se deitar com ele. Depois os dois estariam livres para ir embora do país. O interessante é ver que Scarpia não nutre um amor e nem sequer uma paixão por Tosca. É apenas um desejo da carne, na qual ele mesmo diz que irá usá-la e jogá-la fora. E esse mesmo desejo foi intensificado ao descobrir que Napoleão Bonaparte havia vencido (e ele ser do grupo oposto). Na iminência de uma derrota certa, ele tinha que levar algum proveito.

“Porque, ó senhor? Por que me compensaria assim?”

Tosca, no máximo de seu sofrimento, passa a indagar Deus e a igreja, pelo mesmo se mostrar ausente na hora em que ela mais precisa. Inclusive, o próprio Scarpia chama a Deus quando decide se aproveitar de Tosca. Após de ele usar um código (o qual seria para colocar balas de borracha nos fuzis que irão acertar Mário) com seu empregado, ele avança em Tosca. Mas, em troca ele é esfaqueado bem na altura do coração pela mesma. Ela conseguiu pegar uma faca na mesa e acertá-lo no meio do abraço. E, assim, ele morre. Em felicidade, ela consegue encontrar o pintor antes do fuzilamento e juntos cantam pelo amor, liberdade e futuro que terão em outro país. A tragédia acontece quando o fuzilamento se mostra real e Mário morre. Scarpia havia mentido a ela. Ele não iria salvar o seu amante. Ele iria usá-la e deixá-lo morrer. Ela entra em pânico e vê todos seus sonhos se desmancharem à sua frente. Quando houve os guardas procurando por ela ao acharem o corpo do barão morto, ela usa todo seu desespero como coragem para saltar do alto do prédio. E morre. Na verdade, desde o momento em que o pintor havia feito o retrato de Maria Madalena tudo já estava perdido. É como se fosse o destino. Não havia como ser diferente.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Intrigas de Estado

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

State of Play


Filme norte-americano criado em 2009. Mostra a cobertura jornalística e política em uma crise que envolve politicagem, relações amorosas e ética de trabalho. Cal McAffrey é um dos principais repórteres para o jornal impresso em que trabalha. Incitado pela Della Frye, passa a investigar a morte da assistente (e amante) do congressista Stephen Collins (que também é seu amigo). Esse congressista estava envolvido num processo contra a Point Corp, responsável pelo envio de 'mercenários' (ex-militares bem treinados) para a guerra, transformando o conflito em um negócio lucrativo.

A história do filme funciona sobre a disposição do jornalista em ser ético ou não. Para fazer uma boa e profunda apuração sobre o acontecimento, a dupla Cal e Della ultrapassam algumas barreiras impostas pela ética profissional. Eles desrespeitam a privacidade (roubando o celular da assistente morta), manipulam (ao fazer o congressista tentar mudar a visão da mídia sobre a morte da assistente), ameaçam os envolvido (para comprovar o verdadeiro trabalho da assistente morta) e são oportunistas (fazendo tratos com a polícia em uma ajuda mútua para conseguir exclusividade na notícia). Tudo isso se baseando naquela frase "os fins justificam os meios". E no filme, o fim realmente justificou o meio. Eles puderam assim chegar ao verdadeiro estopim do acontecimento. Mas, em contraposição, eles foram éticos no momento da publicação, insistindo em fazer uma reportagem completa e real, ao invés de lançar boatos aos poucos e ceder ao sensacionalismo. Merece destaque também o detalhe da importância do jornal impresso. Como Della (que é colunista on-line) diz: "uma notícia desse calibre deve aparecer em um jornal impresso. Mostrando a ainda importância do jornal impresso sobre a sociedade.

Outras características do cotidiano jornalístico são mostradas no filme. Como, por exemplo, a importância de uma vasta rede de contatos. É como um passaporte para o jornalista. Outro fato é o jornalismo se basear em fatos, não em opiniões e "achismos". Qualquer um pode ser fonte (até um mendigo e um drogado). Della, como jornalista inexperiente, mas a verdadeira criadora da reportagem, quase foi jogada para fora da apuração, mostrando que não é o profissional que importa para o jornal, mas sim a reportagem. E ela tem que ser a melhor possível. Mostra também a necessidade do jornal em ter notícias sensacionalistas e consideradas "inúteis". Além de ser um meio de comunicação, o jornal é uma empresa. E uma empresa precisa de dinheiro para se manter. E essas notícias ajudam no orçamento. Por isso elas são importantes. Por fim, mostra também o quanto um jornalista pode arriscar a sua vida atrás de uma notícia, sendo que a dupla quase foi assassinada em alguns momentos.

Por fim, os jornalistas entendem a trama ao descobrir que Sônia (a assistente) era uma empregada infiltrada pela Point Corp. Para investigar todos os passos do congressistas Stephen Collins. O problema aconteceu quando ela se apaixona por ele e decide não passar mais as notícias à empresa. Em um primeiro momento, todos achavam que a Point Corp havia a matado, mas não. Collins havia colocado um ex-militar (que já havia sido da Point Corp.) para vigiá-la. E o mesmo acabou por matá-la quando soube da traição (mostrando o forte lato de amizade entre o assassino e o congressista). Nisso, Collins havia aproveitado a situação para culpar a empresa de armas e vencer o processo. Todos agiram de forma antiética. Mas no final, mesmo com Cal sendo amigo de Collins, tudo é publicado no jornal. Dá para entender que a idéia é mostrar que quem deve decidir quem é o culpado é o próprio público. Não os congressistas ou jornalistas, mas sim a população em geral. Eles que são os responsáveis pelo que acontece no mundo. Resta a nós, jornalistas, mantê-los os mais informados possível. Para que essa responsabilidade não esteja envolta em ignorância.




obs: O filme não faz parte do meu repertório de DVDs, mas foi objeto de estudo em sala de aula, sendo tão bem avaliado quanto os outros que fazem parte da minha coleção.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Toy Story 2


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Criado em 1999 como continuação do Toy Story, foi o primeiro filme criado, produzido e exibido digitalmente. Ainda em parceria com a Disney e Pixar, o filme ganhou o Globo de Ouro em "melhor filme", Grammy Awards em "melhor canção" e o Blocbuster Entertainment Awards em "melhor filme familiar".

O filme, ainda focado na vida dos brinquedos, resolve sair da casa de Andy, mostrando o mundo para os brinquedos e os brinquedos para o mundo. Os brinquedos não são apenas aqueles bonecos que cada criança tem um. Eles podem ser um videogame (Buzz) ou um programa de TV (Woody).

Mas como não podia deixar de existir, Woody ainda se preocupa em ser o preferido de Andy. Quando ele rasga e é posto na prateleira (que, para os brinquedos, funciona como pretexto para serem doados em pouco tempo), ele realmente começa a se deprimir. Para piorar, a mãe de Andy abre uma feira de 'produtos usados'. Para salvar um brinquedo que estava lá, Woody se arrisca e acaba sendo roubado (pois a mãe de Andy não o venderia) por um colecionador de brinquedos. Os amigos de Woody descobrem para onde ele foi levado e decidem se aventurar pelas ruas atrás dele.

Em sua nova "prisão", Woody conhece Jessie, Bala-no-alvo e o Mineiro. Com eles, o caubói descobre que ele já foi algo maior do que ser o brinquedo de Andy. Ele já havia sido o brinquedo preferido de muitas crianças, fazia comerciais, tinha musicas próprias, programa de TV e até outros brinquedos criados em nome deles. Lá, ele também foi restaurado por um profissional (que, por curiosidade é o mesmo velhinho de um famoso curta-metragem da Pixar) E com o colecionador que o havia roubado, ele iria à um museu do japão para ser adorado pelos milhares de visitantes que iria receber sempre. É nesse contexto humanizado que Woody passa a ter dúvidas sobre ficar com Andy ou ir para o Museu. E sabendo que sem ele, seus novos amigos voltariam para a caixa, a dúvida passou a tender para o lado do museu.

Paralelamente, Buzz também passa por uma nova aventura. E essa parodia bem a série famosa de filmes: Star Wars. Ao reencontrar outros Buzz na loja de brinquedos, ele acaba por libertar um. E esse novato tem a mesma cabeça que Buzz tinha no começo: a de proteger o comando estrelar. E ele só poderia fazer isso após de vencer Zurg (uma imitação perfeita do Dark Vader). Depois de uma batalha cômica e épica, o novato descobre que Zurg é seu pai e por fim terminam amigos (ao invés do final trágico de Star Wars).

Quando Woody se reencontra com os brinquedos do Andy, ele já havia decidido em ir para o Japão. E dessa vez, quem dá a lição é o Buzz. E termina com a perfeita definição da felicidade de um brinquedo: "não há nada melhor do que ser amado por uma criança". E Woody, mesmo sabendo que pode ser substituido e que Andy envelheceria (e, consequentemente, deixaria de brincar com ele). Ele prefere aproveitar esse amor ao máximo e chama seus novos amigos para irem juntos. Apesar do Mineiro ter se mostrado rancoroso e cruel, Woody consegue derrotá-lo (e colocá-lo na mochila de uma criança bem "artistica"). Jessie e Bala-no-alvo vão juntos e se tornam um dos queridos brinquedos de Andy. E tudo termina bem. Do jeito que deveria ser na Disney.

sábado, 4 de setembro de 2010

Toy Story

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Filme criado em 1995 pela Disney e produzido pela primeira vez em parceria com a Pixar. É considerado o primeiro longa-metragem feito completamente em computação gráfica e obteve a maior bilheteria do ano de estréia.

“Amigo, estou aqui”

Essa animação não só é uma homenagem aos brinquedos como também a infância e tudo que ela representa. A amizade, honra, lealdade e inocência. Cada brinquedo possui sua característica única e humana. Woody é o ciumento caubói que tem como objetivo único na vida ser o preferido de Andy. Buzz é o ingênuo astronauta que acha ser um patrulheiro da galáxia. Temos também o fiel cachorro de mola Slink, o rabugento Sr. cabeça de batata, o atrapalhado dinossauro Rex, a bela pastora de ovelhas Bete e o culto cofre de porco.

Muitos desses brinquedos são baseados em reais brinquedos que fizeram a cabeça de muitas crianças de muitas gerações. E o tempo todo é abordado o amor verdadeiro da criança com seus brinquedos. E as instabilidades que essas crianças têm. Andy, por exemplo, o garoto de oito anos, era viciado na idéia de ser caubói e de repente mudou tudo para ser astronauta. Mas de toda e qualquer forma, ele é o tipo de garoto que cuida bem de seus brinquedos, amando os o quanto sua inocência permite.

“Ao infinito e além.”

O tema central do filme é a disputa entre Woody e Buzz. Enquanto o primeiro quer de volta a preferência de Andy, o outro só pensa em ir embora para seu ‘planeta’ e acaba se tornando cada vez mais popular. Em uma sucessão de acidentes, os dois acabam se perdendo de Andy e indo parar na casa do garoto Sid. Esse é o oposto de Andy, maltrata os brinquedos, modificando suas peças e explodindo-os. Woody passa a ser responsável por Buzz, pois seus amigos (brinquedos) acham que ele estaria tentando tirar o astronauta do mapa por ciúme (não que isso seja mentira). Ao mesmo tempo, Buzz vê uma propaganda do boneco Buzz Lightear na TV e percebe que é um brinquedo, em último ato de esperança, tenta voar e acaba quebrando seu próprio braço. É nesse momento que Woody ensina (e aprender) o valor da amizade. Mostra o quão bom é ser amado por uma criança e faz de tudo para tirar Buzz da depressão. E mostra que é legal ser brinquedo, e é mais legal ainda ser um brinquedo legal.

“Então brinque direito!”

No final, com a ajuda dos brinquedos deformados por Sid, que no começo foram considerados selvagens, mas que na verdade eram tão bons quanto os brinquedos de Andy, consertam Woody e dão uma lição no pequeno sociopata. Mostram que podem falar e que tem sentimentos, traumatizando Sid com brinquedos para sempre. Woody também consegue vencer a falta de confiança nos brinquedos de Andy ao verem que ele e Buzz viraram amigos. E grandes amigos. Acentuando o maior lema do filme: cuide de seu amigo.