segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Tempero da Vida



Comida tem tudo a ver com experiência de vida, certo? Certíssimo. E quem melhor do que gregos e turcos para dizer isso? Istambul, capital da Turquia, que foi o império romano do oriente (Bizantino) e sobreviveu até mesmo à queda de Roma, possui uma gastronomia riquíssima e exótica. Atenas, capital da Grécia, nem preciso dizer, né? Berço da democracia, das artes, da literatura e tudo mais que definiu a construção do Ocidente como conhecemos hoje também tem um paladar que faz jus à importância do país para o mundo.

Esse filme, grego, trata exatamente sobre a experiência de uma família turco-grega em período de guerra entre os dois países pelo Chipre. O que diferencia a história dessa família das outras que passaram pelo mesmo período é a paixão pela comida.

O título tem sentido duplo. O tempero da vida pode ser amor, aventura, conhecimento e amizade. Mas também pode ser canela, cravo, manjericão e outras ervas típicas na região (e bem estranhas para mim). A marcação de tempo do filme também está ligada a comida: antepasto, prato principal e sobremesa dividem os períodos importantes da vida de Fanis, personagem principal da história.

Fanis atualmente vive na Grécia e começa a relembrar de todo seu passado em Istambul com aquele saudosismo típico de quem deixa tudo para trás por obrigação (foi deportado). Como não podia deixar de ser, todas suas lembranças, como o primeiro amor, o avô e mentor Vassilis e as brigas dos pais, estão ligadas a comidas e aos condimentos que elas carregam. É um filme fascinante e inocente. Deve ser visto por todos que apreciam a vida... E um bom prato.

sábado, 12 de novembro de 2011

Salvador



Puig Antich, que tinha como codinome Salvador, era um revolucionário catalão em plena ditadura de Franco na Espanha. O filme, que levou o prêmio Goya de melhor roteiro adaptado, conta a história dele, focando no lado humano do anarquista. Ele foi a última pessoa a ser morta pelo garrote vil no país, um aparelho que enforca a pessoa com um colar, levando-a ao encontro de um prego que quebra o pescoço.  A atuação de Daniel Brülh como personagem principal foi essencial. Ele já era conhecido por ter participado de filmes como Adeus, Lênin e Bastardos Inglórios e se destacou nesse papel.


Puig atuou na década de 60 como Robin Hood, assaltando bancos para financiar sua luta contra o malévolo governo.  Só que esse ideal era um pouco vazio, ingênuo. Ele e o grupo lutavam em busca de algo que nem eles mesmos acreditavam. Uma busca de uma liberdade inocente, que nunca existiu.

É interessante ver o sentimentalismo sem clichê que rola no filme. A preocupação do Puig para com sua irmã mais nova. A dor do pai, que também já foi condenado à morte, mas libertado de última hora. E, por fim, o sofrimento das outras irmãs em ver o caçula sendo exterminado.

De forma geral, o essencial é perceber como a vida de um jovem politizado pode ser frágil na mão de políticos que necessitam de um bode expiatório e com a cabeça cheias de ideias que nunca virão a tona. Só não podemos esquecer que o mundo é feito de pessoas assim, que vão atrás de seus ideais, e de alguma forma, acabam modificando a história. Puig tentou e pagou caro por isso, mas não creio que ele voltaria atrás. Pelo menos, o filme nos convence isso. 

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Feliz Natal


Feliz Natal foi dirigido e co-produzido por Selton Mello. Sim, aquele ator que fez Mulher Invisível, Meu nome não é Johnny, Jean Charles, Lope, e muitos outros filmes também é diretor. E não fez feio nesse. Ganhou um bocado de prêmios em festivais conhecidos como o Cine Cero Latitud de Quito, Equador, Los Angeles Brazilian Film Festival e da Seleção Oficial dos Festivais de Nova York, Havana, São Paulo, Paris, Lima, Rio de Janeiros e outros. 

Eu tenho uma tendência a preferir o cinema alternativo brasileiro. Não por querer se cult (ou pseudo-cult), mas sim porque nos grandes filmes brasileiros me parece que falta um pouco de psicologia. Os seres humanos sempre são formados pelo ambiente em que vivem (Cidade de Deus e Tropa de Elite que o diga), não digo que são ruins, mas tem hora que cansa. 

E esse filme, apesar de incomodar, escapa da mesmice de retratar pobreza, comédia e hipocrisia como assunto principal. A história se baseia numa família desestruturada. O personagem principal é Caio, filho que volta do interior, onde tem um ferro velho, para a casa da família na cidade. Lá ele encontra uma mãe com síndrome de Tourette, um pai que não o perdoa por ter ido embora e só pensa em transar com meninas novas, um irmão rancoroso por ter que cuidar de todos da família (financeiramente) e uma irmã que, apesar de cansada, é otimista.

Na verdade, talvez o principal personagem deva ser o pequeno Bruno, sobrinho de Caio. Ele dá uma paz ao filme que chega a impressionar. O final, diferente do que costumamos ver, com conclusão e tudo, termina pior do que começou. Quando Caio volta para sua terra ele não parece tranquilo ou feliz de ter revisto a família. O pequeno Bruno, que seria a paz de tudo também se dá mal. Sem saber, toma os remédios da avó grosseira. E o que acontece pela frente não será nada agradável. Sem dúvidas.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Além da Eternidade


Esse é um filme lindo, que fala sobre amor eterno, espiritualidade e amizade. Conta um elenco muito bom: Richard Dreyfuss e a improvável Audrey Hepburn (último filme dela). A atriz principal, Holly Hunter, atua muito bem, mas não conseguiu a fama e reconhecimento que os outros dois conseguiram.

Apesar de seguir bem a linha da religião Espírita, não acredito que esse seja o ponto principal do filme. Talvez esse tenha sido o recurso que o filme usou para resgatar um amor eterno, uma ajuda divina inesperada para as estrelas do filme.

Com uma pitada de comédia (ironica), o filme diverte e faz chorar ao mesmo tempo. Vale a pena ser visto.

obs: Audrey tá no papel que sempre mereceu, no de uma deusa!

Vôo United 93


Esse é um filme tenso. Ele começa um pouco burocrático e termina fazendo você escalar paredes. Fala sobre o avião que caiu na floresta da Pensilvânia durante os atentados de 11 de setembro. É muito interessante ver os bastidores do momento, ver como o governo lidou com tudo isso.

São três linhas que o filme segue: o ponto de vista dos controladores de voo, que por mais esforços que fizessem, não conseguiam encontrar os aviões sequestrados e, no começo, não entendia quando um deles sumia (estavam entrando nas torres e no pentágono); o dos militares, que ficavam entre proteger Manhattan depois das torres serem atingidas e ir atrás dos aviões sequestrados para abatê-los; e as agonias da tripulação do tal United 93.

É importante entender a crítica do filme em relação ao governo. O presidente George Bush não dá notícias nenhumas enquanto a sensação da população era de que o mundo estava acabando. Os militares se mostraram lentos, burocráticos e impotentes, mesmo sendo considerada a força armada mais forte e inteligente do mundo.

Mas o principal do filme era mostrar como foi que os tripulantes do último avião sequestrado derrubaram o avião que ia para Washington (de acordo com o filme, o avião iria acertar o Parlamento, mas a Casa Branca seria também um destino fácil). Eles não foram heróis. Eles só tentaram, acima de tudo, salvar a vida deles. O avião (muito futurista para nós, brasileiros) tinham telefones onde era só passar o cartão de crédito que você poderia falar com alguém em terra. Nisso eles entenderam que estavam jogando aviões em prédios e que não  era um sequestro por dinheiro ou ameaças. Então o que restava era derrubar os sequestradores, que só portavam facas. Tinha tudo para dar certo: na tripulação tinha um piloto, um ex-controlador de voo e um lutador de artes marciais. Mas como a vida real é a vida real, não deu certo. Só conseguiram chegar na cabine do piloto e jogar o avião na terra. Eles tentaram.

Vale a pena ver, mas não pense que é diversão.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Barry Lyndon


Esse filme talvez seja o mais submestimado dos de Stanley Kubrick. É uma produção épica excelente, com uma atuação impecável de Ryan O'neal.

Mostra a vida de Redmond Barry na pobreza e na riqueza, na saúde e na doença, na vida e na morte. Está entre os 100 melhores filmes da Time Magazine.  O filme conta a história de um irlandês que faz de tudo para crescer na vida e as filmagens seriam rodadas na própria Irlanda, o que não foi possível, pois Stanley havia entrado na lista de marcados para morrer do grupo terrorista IRA. Tenso.

O filme é totalmente cinematográfico. Lindo, cheio de quadros de plano aberto e atuações frias e um tanto realistas (bem no estilo Kubrick de ser). Vale a pena ver.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Quatro casamentos e um funeral


Esse filme é tido como um dos principais da comédia romantica. Britânico, fez sucesso durante a década de 90, quando foi lançado, e até hoje é adorado. Tudo saiu dele, tudo aconteceu a partir dele. É um daqueles filmes que, apesar ser considerado uma "sessão da tarde", é gostoso de ver, rir um pouquinho e ficar em paz. 

O interessante é que, apesar de ser simpleszinho, ganhou diversos prêmios internacionais. No Prêmio César, levou o melhor filme estrangeiro. No BAFTA, levou o de melhor filme, direção, ator principal e atriz coadjuvante. No Globo de Ouro levou o de melhor ator principal. Dá pra perceber que Hugh Grant é a grande estrela do filme, mas  Andie MacDowell não deixa nada a desejar.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bonnie e Clyde


Bonnie Parker e Clyde Barrow são uns dos vilões mais queridos do cinema. Baseado na história real dos dois grandes ladrões de bancos dos EUA na época da Grande Depressão (anos 30), o filme ficou conhecido por criar uma nova forma de fazer filmes. 

Além de ganhar oscar de melhor atriz coadjuvante (Estelle Parsons) e melhor fotografia, o filme contou com Warren Beatty como Clyde e Faye Dunaway como Bonnie, dois atores de peso em Hollywood. Ele ganhou fama por retratarem, pela primeira vez, os bandidos como os mocinhos da história. Não há uma pessoa no mundo que havia visto o filme e não queria que eles se dessem bem no final. Além disso, o filme também conta com cenas que saem da comédia para a violencia rapidamente, como se os dois estivessem sempre ligados.

Nos anos 60, quando foi lançado nos cinemas, o filme trouxe bastante polêmica e se tornou um dos preferidos entre os jovens. Hoje figura como o 41º melhor filme americano no American Film Institute

ps: não dá também para não reparar no carro dos bandidos, um autentico Ford V8. Lindo! Hoje é possível vê-lo todo baleado no Museu do Crime de Chicago. 

domingo, 18 de setembro de 2011

O Custo da Coragem


O nome desse filme deveria ser: Quem matou Veronica Guerin?

Apesar de ser um título óbvio com uma resposta mais óbvia ainda (para quem viu o filme), é exatamente em torno dessa pergunta que a história toda gira (mesmo que só no final ela morra, não no começo, criando certa aura de mistério).

Veronica Guerin é uma jornalista investigativa do Sunday Independent que vivia na Irlanda. Apesar de só ter iniciado a carreira depois dos 30 anos, aos 38 foi morta ao descobrir a ligação entre a máfia e o tráfico de drogas de Dublin, capital irlandesa. O incrível é perceber como ela fez a diferença. Depois que morreu, muitos ligados ao tráfico foram presos e a criminalidade diminuiu 15% no país.

Esse é o segundo filme que tem a vida da jornalista como temática. E, no filme, quem faz o papel de Veronica não é ninguém menos que Cate Blanchet, grande atriz australiana. O filme é altamente recomendável para aqueles que são da área de jornalismo ou por aquele que tem interesse por pessoas que fizeram de suas próprias vidas uma causa justa e não morreram em vão.

sábado, 10 de setembro de 2011

Pocahontas


Já estava com vontade de ver esse clássico da Disney de 1995 depois de ter visto Avatar e rever Tarzan. É basicamente uma história do início da "descoberta" do Novo Mundo e o conflito entre o indígena e os futuros colonizadores. Pocahontas vive uma história de amor quase shakeasperiano com o Capitão Smith, um autêntico militar inglês. Os dois passam a respeitar o mundo de cada um e aprenderam a se amar apesar das diferênças. É uma história lindinha e cheia de músicas boas.

O que não são muitos que sabem é que Pocahontas foi baseada numa história real, só que com um final bem diferente. O povo dela sofreria as consequencias da colonização e ela, depois de se casar com um inglês, vai para a Inglaterra e morre aos 22 anos depois de sete meses na Europa. Ela odiou o velho mundo e morreu devido a doenças deles, após de servir (literalmente) de circo para uma população inglesa curiosa. Triste e intenso. 

Muitos criticam a Disney por mudar os fatos originais (o capitão Smith também nunca teria sido o amor da vida dela, mas apenas um que realizou uma diplomacia entre os dois povos para que retardasse a destruição da tribo).Mas acredito que o objetivo do desenho não é retratar a realidade, mas sim criar uma história nova que desperte a curiosidade da criançada (e dos amantes de animações, como eu). Quem não ficaria com vontade de conhecer a vida desses indígenas ou a corrida do ouro que os ingleses provocaram. Inclusive, por fim, vou apresentar uma parte de uma das principais músicas de Pocahontas, que retrata até mesmo a atualidade. Ou vocês acham que a personalidade das pessoas mudaram tanto assim de 500 anos pra trás até os dias de hoje? Quem dera...

O que esperar desses pagãos nojentos?
Dessa maldita raça e horrível cor
Eu sei o que merecem
São bons quando falecem
São bichos, animais, ou pior

São bárbaros, bárbaros
Não são nem humanos
Bárbaros, bárbaros
vamos atacar
Afastem-os daqui
Eles merecem guerra
Os tambores vão rufar

São bárbaros, bárbaros
Índio é uma fera
Que teremos que matar

Era o que eu temia
O branco é um demônio
Dinheiro é o deus
Em que eles crêem

Bem sei que os brancos são
Vazios no coração
Nem sangue acho que eles têm

São bárbaros, bárbaros
Não são nem humanos
Bárbaros, bárbaros

Gostam de matar


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Uma Noite em 67


O documentário Uma Noite em 67 mostra o festival da TV Record que aconteceu em 1967 (claro, né?), no auge da Ditadura Militar. Só com cantores de ponta, o evento se tornou um dos mais famosos do Brasil e lançou a carreira dos grandes musicos do MPB.

O ganhador do festival foi o Ponteio de Edu Lobo. A música, que mescla poesia com política havia chamado a atenção de todos. Mas a que saiu com maior fama foi a Roda Viva de Chico Buarque em 3º lugar no festival. É impressionante como as pessoas vibravam com a música e o carisma de Chico. Outra música que também chama atenção é a Alegria, Alegria (que ficou como 4º colocado) que talvez seja a música mais famosa de Caetano Veloso.

Interessante também foi resgatar boas músicas que sumiram da mídia com o tempo, como Maria, Carnaval e Cinzas (que ficou em 5º lugar) de Roberto Carlos e Domingo no Parque (em 2º lugar) com Gilberto Gil e Os Mutantes (quando nem eram uma banda tão conhecida na época). Inclusive, o festival foi importantíssimo para a formação do Tropicália, um dos movimentos musicais mais importantes do Brasil.

Agora, imperdível é a cena em que Sérgio Ricardo perde a paciência com o público, quebrando e jogando o violão em cima deles enquanto cantava Beto Bom de Bola. Isso mostra também a falta de maturidade do público em receber shows. Ficou até comprovado que havia um grupo combinado para vaiar durante todo o evento. Coisa de louco, viu?


ps: O documentário também contou com entrevistas com os músicos da época. Excelente

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Minha Amada Imortal


Ludwig Van Beethoven é um grande músico alemão. Conhecido por suas sinfonías e únicas e temperamento fora do padrão, é considerado um dos mais importantes músicos do ocidente. O filme dá uma pincelada no que foi a vída pessoal de Ludwig dando mais emoção aquelas 5ª, 7ª e 9ª sínfonia.

Tudo no filme roda em volta do testamento de Beethoven. De acordo com o documento, toda sua fortuna (financeira e musical) iria para a sua Amada Imortal. O problema é que Ludwig era um amante de primeira e conhecido por nunca ter amado ninguém. O final é impressionante. Não dá para saber onde termina a realidade e onde começa a ficção, mas dá para se deliciar com o show de atuação de Gary Oldman (também conhecido por sua atuação como Drácula, condenado Lee Harvey Oswald pela morte de JFK, Sirius Black e Comissário Gordon).  De quebra, ainda tem como uma das principais atrizes do filme Isabela Rosselini, filha da estrela do filme Casablanca, Ingrid Bergman, com o famoso diretor italiano Roberto Rosselini.

O incrivel do filme é ver como é a relação do músico com a sua doença (quase uma maldição): a surdez. Num tempo onde não havia tecnologia que o ajudasse, ele teve que ser virar sozinho e acabou por se isolar. E mesmo surdo, foi capaz de compor a 9ª sinfonía, considerada sua obra prima. E o filme foi capaz de transpor toda essa dor e felicidade, tirando a coroa de Ludwig, mas jamais desmerecendo seu talento.

Caso tenha interesse em ver as cartas de Ludwig Van Beethoven para a sua Amada Imortal, leia no blog Sanhas.

Veja aqui o pedaço do filme em que Beethoven toca sua 9ª sinfonía:

domingo, 21 de agosto de 2011

O Violino Vermelho


Uma aula de história. É nisso que se resume o filme O Violino Vermelho.

O violino vermelho tem como inspiração o Red Mendelssohnum violino que hoje pertence a Elizabeth Pitcairn. Ele foi comprado pelo avô dela por 1,7 milhões de libras em um leilão de Londres e possui uma listra vermelha que ninguém sabe de onde veio.

Tudo começa com Nicolo Bussotti na Itália em 1681. Ele, que trabalha na confecção de violinos, constrói um para o filho dele que está prestes a nascer. Acontece que o destino foi cruel e Anna, a mulher dele, e o bebê morrem no parto. Inconformado, ele usa o sangue dela para envernizar o violino e o vende. E assim se inicia toda a saga do instrumento musical que acaba em um leilão nos dias atuais. E com uma fama enorme. As histórias do violino tiveram como base o Tarot da criada da mulher de Bussotti. Ao ler o futuro de Anna, as cartas acabaram mostrando a jornada do violino. E cada uma dessas cartas conta a história de uma pessoa.

A primeira carta é a Lua conta da Própria Anna, mostrando a longa jornada que teria pela frente. Uma viagem demorada e dolorida. Logicamente a carta se referia ao prório violino, por carregar o sangue de Anna para sempre. 

A segunda carta é o enforcado, que conta a história de Kaspar Weiss, um jovem vienense. De acordo com tal carta, ele teria um dom incrível, mas pereceria de uma doença. Tudo começa com a compra do violino por um orfanato. Depois de 100 anos passando o violino de criança pra criança, uma (Kaspar) enfim passa a tocar genialmente bem. Então o orfanato leva a criança para um professor musical que o ensina todas as tecnicas possíveis. Ele tem o coração fraco e se torna completamente dependente do violino. O professor, preocupado com suas contas (já se encontra endividado) faz de tudo para treinar o garoto para se apresentar para a família real e conseguir o investimento de um Mecenas. No dia da apresentação o garoto morre por causa do coração e é enterrado com o violino. É interessante perceber que essa é a época de ouro da cultura vienense, com Mozart tendo morrido em pouco tempo.

A terceira é o Diabo. De acordo com a carta, é uma época de luxo e luxúria, levado pelo além mar. Na história, os ciganos desenterram o piano e vão parar na residencia do lorde Frederik Pope, na Inglaterra. Ele é violinista egoísta e mimado. Tem como sua musa uma escritora que o deixa para escrever na Rússia. Ela era a inspiração para a música dele, quando se vai, ele passa a não tocar mais. Até que o dia ela volta pra ele e o vê tocando o violino, descobrindo que ele tinha arranjado uma nova inspiração (outra mulher). Num acesso de loucura, ela pega a arma e atira no violino, como se ele fosse o culpado por tudo.

A quarta é a história de Xiang Pei, em Shanguai. A carta é Justiça que diz que ela será culpada por um processo e que o fogo é o inimigo. O criado de Frederik é chines e vende o violino para uma loja em Shangai. A mãe de Xiang o compra para a filha. Depois de um tempo, a filha, já mulher, se vê como uma das líderes de Mao Tsé Tung. Nessa época, violino e todos os instrumentos musicais estrangeiros eram inimigos e deveriam ser queimados. Por isso ela esconde o violino, mas quando o descobrem, ela foge e o entrega de volta para o dono da loja. Para ela, o violino "pertence a uma época que já não existe mais".

A quinta e ultima carta é a história de Moritz (Samuel L. Jackson), arqueologista da Duval, leilão de Londres. De acordo com a carta, essa seria a última viagem de Anna, com muito dinheiro e vários erros. O dono da loja em shangai é encontrado morto e todo seu acervo é pego pela Duval. Moritz percebe que tem em mãos o famoso violino vermelho, e na hora do leilão troca de violinos para ficar com ele. É interessante ver os personagens que lutam pelo (falso) violino. Um maestro colecionador (que ganha), um representante da Fundação Pope e uns chineses. Todos partes da história do violino. Peças da vida de um único instrumento musical.

Veja o trailer:


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Donnie Darko


Esse filme já foi eleito por diversas listas de cinemaníacos como um dos mais confusos e estranhos filmes famosos já criados. Eu concordo com o fato de ser confuso, mas não vejo como um ponto negativo. Pelo contrário. É um filme quebra cabeça que, além de tudo, teve espaço para fazer uma crítica social ao preconceito, bullying e "caretice".

No site do New York Times tem bons comentários sobre o filme. Não deixem de ler, é só clicar aqui.

O elenco é fantastico, Jake Gyllenhaal é Donnie e não consigo imaginar outro no lugar dele. Maggie Gyllenhaal, sua irmã (tanto no filme como na vida real) também está no filme. Outros bem famosos, como Drew Barrymore e Patrick Swayze também compõem o filme.

Tudo gira em torno do seguinte: isolamento e doença. Uma coisa leva a outra. Mas o filme gera uma dúvida sobre se a sociedade é ou não responsável pelo isolamento e, consequentemente, pela doença. Donnie Darko é, desde o começo do filme, um garoto problemático. Ele é agressivo e, apesar de ter amigos e uma família nos padrões "american way of life" vive uma infelicidade extrema. Então os pais os colocam no psiquiatra, que o declara como esquizofrênico (para conhecer um pouco da doença, veja no wikipédia).

Mas conforme o filme vai passando, é possível perceber que não é uma doença somente, mas sim uma espécie de vidência. Ela conta com diversas teorías fisicas (sendo uma delas a de Stephen Hawking, na qual diz que você pode quebrar a barreira do tempo num buraco de minhoca) e é resolvido com a teoria do "efeito borboleta" (o que combina bem com a confusão do filme, já que provém da teoria do caos).

É bem interessante perceber a critica social forte em uma sociedade que se diz revolucionária e progressista aparecer como conservadora e religiosa. Mas até nesses reacionários se mostram politizados (principalmente quando a professora desiste de levar as crianças para o campeonato de dança para defender um Patrick Swayze acusado de pedofilia - no filme, é claro). Sem contar os preconceitos raciais (com a menina chinesa - ela era mesmo chinesa?).

No final, percebe-se também que o coelho pavoroso e malvado Frank, fruto da "imaginação" de Donnie acabou por fazer mais bem do que qualquer outro personagem. Ele inundou a escola para que Donnie conhecesse a mulher da sua vida (ironia pura, pois no fim - para que ela vivesse - eles não poderiam se conhecer) e botou fogo na casa do pedofilo para que todos conhecessem a câmara obscura sexual (tudo pelas mãos do confuso Donnie). Mas fiquei com uma pergunta na cabeça: então era o destino que Donnie morresse pela turbina do avião? Ele era mesmo um amaldiçoado? Mesmo com dois universos "paralelos" acontecendo? Que azar, viu?

ps: encontrei um esquema que pode ajudar as pessoas a entenderem melhor o filme, é só clicar aqui para vê-lo.


domingo, 7 de agosto de 2011

Gainsbourg - Vie Héroique



Lucien Ginzburg, vulgo, Serge Gainsbourg foi um dos mais conhecidos compositores franceses. Acostumado a trocar os ritmos musicais com a mesma freqüência que criava canções polêmicas, conquistou facilmente grandes mulheres da sua época (Juliette Gréco, Catherine Deneuve e Brigitte Bardot foram algumas delas), mas teve como sua principal musa Jane Birkin.

“Perverter a juventude, isso eu quero.”

O filme, em homenagem a esse compositor quase esquecido pelo mundo afora, consegue resgatar uma França boêmia e glamorosa a partir da vida dele. O filme conta com belas imagens de pessoas bem vestidas e lugares luxuosos, envoltos a muita bebida e cigarro.

Joan Sfar foi o diretor do filme. Ele já era conhecido por seus desenhos na frança e pôde imprimir sua marca no filme, criando o alter ego de Gainsbourg, um grande orelhudo e narigudo ser animado que tinha a clara intenção de acentuar os defeitos do cantor e que podia comandar sua arte. Aliáis, uma arte egoísta, por assim dizer. O que fosse necessário para o sucesso Lucien e seu amigo orelhudo fariam para chegar até lá. E o auge foi com a música Je T'aime... Moi non plus.

Trazendo uma narrativa completamente diferente das biografias épicas que vemos, o filme inova apostando em personagens animados cômicos sem tornar o filme engraçado e em uma bela direção de arte, tornando o filme mais belo a cada minuto que passa. A atuação dos atores Erik Elmosnino (que levou o prêmio César de melhor ator pelo filme), Laetitia Casta (tão bela que foi escolhida para ser o rosto de Marianne, a imagem da República Francesa) e Lucy Gordon (que se suicidou após as filmagens).

De acordo com alguns meios de comunicação, o filme também relançou alguns estilos próprios das atrizes Bardot e Birkin. Leia mais sobre isso clicando aqui.