quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Aconteceu em woodstock

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.
Taking Woodstock
É um filme estadunidense dirigido por Ang Lee em 2009. Nele é mostrado o surgimento e os bastidores do festival de música Woodstock. Apesar de se tratar sobre um evento e ser baseado em uma história real, não é um filme documentário, sendo bastante curioso e necessário para os fãs do rock mundial. Não foram usadas filmagens reais do show e as celebridades da música que lá tocaram (Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Who, Joan Baez etc.) nem sequer aparecem nele, mostrando o caráter de “por detrás dos panos” que o filme tem.

É fato que sem Janis Joplin, Jimi Hendrix ou o público que estava lá, o festival jamais teria acontecido, mas há um personagem da história que tornou tudo possível: Elliot Tiber. Ele é o presidente da Câmara do Comercio de White Lake que voltou falido de Nova York para manter o hotel dos pais na pequena cidade de Bethel. Já pediu o máximo possível de empréstimo no banco e agora está sendo cobrado, senão perderá o hotel. Numa visão empreendedora, ele percebeu que seu hotel poderia lucrar muito se trouxessem um show recusado pela cidade de Woodstock por medo dos hippies que poderiam se juntar na região. Com o poder de dar o alvará e a grande quantidade de pasto aberto para a preparação de um show permitiu que ele desse vazão a idéia e corresse atrás na prática.

Há algumas peculiaridades no filme: uma trupe de teatro alojada no celeiro um tanto contemporânea; um travesti forte, enorme e maduro (Vilma) para cuidar da segurança de Elliot; um soldado aposentado (Bill) enlouquecido pela guerra do Vietnã (numa clara crítica social); um pai passivo e uma mãe paranóica e grosseira. É possível ver a frustração de não ter Bob Dylan no festival (um dos cantores mais esperados pelo público). Também há diversos conflitos que são mostrados com igual importância: relação entre pais (mal agradecidos) e filho (ingênuo); descoberta sexual (Elliot se descobre gay); libertação pelas drogas (apresentação de um mundo belo e psicodélico); tentativa na erradicação dos preconceitos; união entre policial e público (mesmo sendo hippies) e a possibilidade de um festival armado pelo pedido de paz e amor mundial. Essa apresentação peculiar e conflituosa do filme ganha tanto destaque que durante todo o filme nem sequer aparece os cantores no palco durante o festival e mostra a quantidade de pessoas que foram lá e não assistiram nada.

Por fim, quando o festival acaba, as pessoas ajudam a limpar em meio aos montes de lama e mostra que, apesar de 500 mil pessoas terem comparecido (eram esperada 200 mil), não houve violência (morreu apenas uma pessoa por overdose e outra atropelada por um trator) e Elliot se viu milionário. Depois descobre que sua mãe sempre teve dinheiro guardado (mostrando a enorme paranóia dela) e decide que é hora de sair de casa (e seu pai apóia). Apesar do tom de esperança no ar, no qual é feita uma referencia a um espetáculo que seria melhor ainda, todos sabem que não seria verdade. Esse espetáculo se chamou Altamont Festival In (até Rolling Stones tocou por lá) e tornou o símbolo da violência e despreparação policial. E Woodstock entrou no passado.

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