sábado, 11 de dezembro de 2010

Morro dos Ventos Uivantes

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.


Wuthering Heights

Filme estadunidense baseado no livro homônimo de Emily Brontï. Já é a quinta adaptação do livro para o cinema. É dita como a adaptação mais completa, mas também a menos detalhada: alguns fatos acontecem tão rapidamente que acaba por deixar o espectador confuso. O elenco, encabeçado por Ralph Fienes e Juliette Binoche, chamou atenção nessa sombria e profunda história de amor (doentio em certos momentos).

“Vou contar uma história, mas você não deve rir em nenhum momento.”

O filme começa com a autora do livro narrando o filme. Ela já prepara que o que está por vir não será agradável: a destruição de uma geração inteira das famílias Earnshaw e Linton. E tudo aconteceu por causa de um personagem: Heathcliff.
“Mas era amargura, não sensibilidade, que o tornava silencioso.”
Heathcliff foi encontrado nas ruas de Liverpool, morrendo de fome, pelo Sr. Earnshaw. Depois o levar para sua casa (que fica no tal morro dos ventos uivantes) e adotá-lo, ele apresenta ao pobre garoto seus filhos: Hindley, que o odiava e, mais tarde, viria a ser extremamente religioso; Catherine, brincalhona e mimada, que se apaixonaria por ele depois. Assim, Heathcliff foi criado no mesmo ambiente como se fizesse parte da família e até chegou a se tornar filho do Sr. Earnshaw.

“Não sabe que sempre voltarei?”

Tudo começa a dar errado quando Hindley se torna o chefe da casa depois que o pai morre. Num ato de vingança, subjuga Heathcliff, o transformando em mero empregado. Catherine deixa que isso aconteça, mas nutre um amor pelo empregado. A vingança se torna a palavra chave da casa, e ela se voltaria contra eles depois. Como se Heathcliff soubesse do futuro mais vingativo ainda, ficou calado e aguentou tudo. Só que as coisas passaram a desandar de vez quando, depois de uma brincadeira, ficou claro que Cathy teria um futuro tempestuoso. Mesmo assim, passaram a viver um belo e escondido amor. Logo em seguida, ela conheceria os Linton, ricos moradores da região em que vivem, acabando com todo o relacionamento amoroso que eles tinham. Edgar e sua irmã Isabella se apaixonam, respectivamente, por Catherine e Heathcliff. E Edgar pede Cathy em casamento e, para o choque dos espectadores, ela aceita, mesmo amando Heathcliff. Tudo isso por um motivo: não queria ser humilhada ao ficar com um empregado quando pode viver uma boa vida com um rico. E Heathcliff, sabendo dessa explicação, foge de casa por longos 18 anos.
“A melhor maneira de me matar seria me beijar novamente.”
Heathcliff reencontra uma Cathy rica, fútil e nem tão feliz assim. Ele sim havia mudado muito: estava rico e mais quieto, rancoroso. Era como se ele tivesse se transformado em um vingador. E começa a colher desgraças por onde passa. Primeiro, compra a casa de Hindley (que era onde ele havia sido empregado por tantos anos) que havia perdido todo o dinheiro em jogos. Segundo, passa a provocar Cathy, mostrando todo seu amor. Terceiro, se casa com Isabella, tão ingênua e apaixonada por ele. E tudo isso por amor. Sim, puramente o amor enlouquecido. Enriqueceu por Cathy, Casou por Cathy, destruiu vidas por Cathy. Assim, passa a subjugar Hindley e Hareton, filho dele (e o último da linhagem Earnshaw) e a maltratar Isabella (que aparece espancada e triste). Cathy fica grávida de Edgar e depois que nasce sua filha, também chamada de Catherine, adoece (por causa das brigas com Edgar e por causa do amor impossível de Heathcliff).

“Eu ria da dor ao invés de sofrer com ela. Porque mudei tanto?”

Constantemente o passado limita o futuro dos personagens. Sempre são lembrados do mal que fizeram nos anos anteriores e sofrem por causa disso. Heathcliff, acima de tudo, se encarrega de levar isso para a vida deles. Até que, por fim, Cathy morre (de amor ou de tristeza... nunca se saberá). E toda a raiva de Heathcliff é despejada para fora, trazendo uma nova imagem desse tão sombrio personagem. Ele é movido a puro rancor. Sabia que a vida deles poderia ser bem diferente se Hindley não o tivesse subjugado, se Catherine não tivesse vergonha dele e se Edgar não tivesse se intrometido na vida deles. E, por fim, ele invoca uma maldição à alma de Cathy: que ela nunca subisse aos céus; que ela sempre o assombrasse; que ela nunca o deixasse sozinho, porque ele a ama e não pode viver sem sua imagem.

“Catherine Earnshaw, que você não descanse enquanto viver.”

Mais 18 anos depois, outros fatos acontecem: Hindley morre de tanto se embebedar, Hareton se transforma num fiel e analfabeto trabalhador, Heathcliff tem um filho com Isabella (que morre posteriormente) e Edgar tenta, ao máximo, criar sua filha Cathy o mais longe possível de Heathcliff. Só que o destino não facilita as coisas que a faz com que caia nas mãos de seu inimigo. E na primeira chance que tem, Heathcliff a força se casar com o filho dele. Logo em seguida, Edgar, o pai dela, que já estava doente, morre. Um pouco depois, o filho de Heathcliff, também doente, morre, deixando tudo que pertence em nome do pai. Nesse testamento incluía a mansão dos Linton. Essa mansão sempre foi retratada com muita alegria e em cores claras, enquanto a mansão dos Earnshaw sempre pareceu medieval, abandonada e raivosa. No final, a mansão clara é sublocada e Heathcliff passa a viver com Catherine no morro dos ventos uivantes.
Interessante é perceber dois fatos sempre presentes no filme: sempre há alguém escutando a conversa por detrás da porta (e não é espírito); Ellen Dean, a empregada dos Earnshaw, passa por todos os momentos das duas família e testemunha toda a maldição. Ellen, além de ser observadora dos acontecimentos, se torna participante ao se tornar a principal confidente do casal Catherine e Heathcliff.

“Não posso viver sem minha vida. Não posso viver sem minha alma.”

Hareton acaba se afeiçoando a Catherine, que o ensina a ler. Heathcliff tenta afastá-los o máximo possível. Até que um dia, a vingança que ele trouxe a todos finalmente chegou a ele: ao ver o espírito da Catherine que tanto amou, acaba por morrer (e ficar junto com ela). Assim, acaba a maldição que destruiu toda uma geração das famílias Earnshaw e Linton. Hareton e Catherine ficam juntos e acabam com esse mal. Finalmente, hein?

5 comentários:

  1. Gente...quanta desgraça...Deus me livre, bate 3 vezes na madeira. Galera aloprada esses ingleses O.o

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  2. Gostei muito do teu blog e do nível dos posts. Li esse livro e assisti ao filme também - uma desgraceira mesmo, como se disse acima. Parabéns, Paulo!

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  3. Eu li o livro,e o filme eu não assisti! acho uma historia muito triste! parabéns é sempre bom relembrar!

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  4. Eu li o livro 3 vezes e acho que é dessa forma que deve ser lida.
    Pois da primeira vez fiquei extremamente confusa quanto aos personagens, fiquei um pouco perdida sobre quem era quem, não conseguia identificar direito. Na primeira vez é de lei, TODOS vão ODIAR Heathcliff.
    Da segunda vez que eu li, já identificando melhor os personagens, pude me inteirar melhor sobre a história. Você passará a entender o lado do Heathcliff e passará a detestar Catherine Earnshaw (a mãe da segunda Cathy que aparece no livro, acho importante ressaltar pois me perdi com as Cathy's da primeira vez que li). Pois entenderá que ela foi culpada em grande parte dos desastres da história. Passará a entender melhor Heathcliff porém, continuará achando-o cruel além da conta e me senti triste por tudo o que ele passou.
    Na terceira vez, eu já estava absolutamente apaixonada pela história, inteirada quanto aos personagens, e pude perceber melhor a essência de tudo o que aconteceu, mergulhei de cabeça e fiquei apaixonada pela história num todo.
    Mas o mais incrível dessa OBRA PRIMA de Emily, é a possibilidade se SENTIR junto com os personagens absolutamente TUDO. Isso foi o que me deixou mais fascinada, nunca li um livro onde me sentisse parte da história como esse, pude ver cada cômodo, cada parte das mansões, do campo, do pântano, da igreja, do morro, cada vestimenta, penteado, paisagem. Era como se cada página que eu lia, eu estivesse ali com os personagens vivendo tudo junto deles.

    LIVRO ABSOLUTAMENTE FASCINANTE! O MELHOR QUE JÁ LI.

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  5. Eu li o livro 3 vezes e acho que é dessa forma que deve ser lida.
    Pois da primeira vez fiquei extremamente confusa quanto aos personagens, fiquei um pouco perdida sobre quem era quem, não conseguia identificar direito. Na primeira vez é de lei, TODOS vão ODIAR Heathcliff.
    Da segunda vez que eu li, já identificando melhor os personagens, pude me inteirar melhor sobre a história. Você passará a entender o lado do Heathcliff e passará a detestar Catherine Earnshaw (a mãe da segunda Cathy que aparece no livro, acho importante ressaltar pois me perdi com as Cathy's da primeira vez que li). Pois entenderá que ela foi culpada em grande parte dos desastres da história. Passará a entender melhor Heathcliff porém, continuará achando-o cruel além da conta e me senti triste por tudo o que ele passou.
    Na terceira vez, eu já estava absolutamente apaixonada pela história, inteirada quanto aos personagens, e pude perceber melhor a essência de tudo o que aconteceu, mergulhei de cabeça e fiquei apaixonada pela história num todo.
    Mas o mais incrível dessa OBRA PRIMA de Emily, é a possibilidade se SENTIR junto com os personagens absolutamente TUDO. Isso foi o que me deixou mais fascinada, nunca li um livro onde me sentisse parte da história como esse, pude ver cada cômodo, cada parte das mansões, do campo, do pântano, da igreja, do morro, cada vestimenta, penteado, paisagem. Era como se cada página que eu lia, eu estivesse ali com os personagens vivendo tudo junto deles.

    LIVRO ABSOLUTAMENTE FASCINANTE! O MELHOR QUE JÁ LI.

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