segunda-feira, 28 de junho de 2010

Alice no País das Maravilhas

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Alice's Adventures in Wonderland

Animação da Disney criada em 1951, é considerada hoje um dos maiores clássicos da Walt Disney. Baseado no livro homônimo de Lewis Carroll, o mesmo se baseou levemente em uma garota chamada Alice e na Inglaterra da época, que passava por mudanças drásticas com a industrialização e o nascimento da ‘modernidade’.

“Ai ai, é tão tarde que arde.”

Através de canções, Alice, uma típica garota da classe abastada inglesa, se mostra entediada e muito curiosa, coisas que não se encaixam no mundo em que vive. Então ela passa a desejar um mundo de absurdos, para sair daquela rotina certinha que lhe dava segurança, mas nenhum animo de viver. Ao cair no sono, ela entra nesse mundo de absurdos, que se mostra uma verdadeira crítica a sociedade existente naquela época. E começa correndo atrás de um coelho branco que vive olhando no relógio e reclamando que está atrasado sempre. Mostra assim o quanto a sociedade se preocupa com o tempo depois das novas ‘linhas de produção’ criadas pelas indústrias. O corre-corre é tanto que nem o que já havia sido feito é satisfatório e, assim, a saúde vai toda embora.

“Tudo pode se aprender entre as flores.”

O filme faz certa apologia à natureza. Mas a mesma possui uma personalidade típica da “high society” inglesa, rejeitando Alice por não ser da mesma espécie que as rosas são. Sr. Dodo, uma ave marinha, ganha representa os afobados navegantes que saíram em busca da ‘nova terra’. Tweedle-Dee e Tweedle-Dum são os gêmeos representantes da juventude inglesa: educados, mimados, carentes, manipuladores e infantis. A rainha vermelha é má e impiedosa, sendo mostrada como uma completa inútil e até desprovida de inteligência. Ela tem uma grande obsessão pelo poder, mesmo que ele seja inviável (como não para de repetir: “todos os caminhos são meus.”).

“Um bom desaniversário para nós.”

Além de ser uma crítica social da Inglaterra da época, Lewis usou momentos de sua própria vida. Por isso, a animação faz uma grande apologia a droga, muito presente na vida dele. A mudança constante na altura de Alice é um dos efeitos causados pelo ópio (muitíssimo usado naquela época). O gato de Chesmire seria a representação de uma ‘dor de cabeça’ que aparece e some toda hora, se mostra inconveniente e zomba sempre da pessoa. O chapeleiro louco é até uma representação fiel de um cavaleiro inglês da época: muitos enlouqueciam por causa do excesso de mercúrio usado para fazer os chapéus (e pelos mesmos serem apertados na cabeça). E por fim, a Lagarta que parece tão sábia, sempre falando calmamente frases de efeito, não larga por um segundo seu Narguilé.

“Se não fosse assim, tudo estaria bem.”

Além de personagens da época, mostrou alguns costumes, como o jogo de baralho e o de golfe, o chá que sempre acontece, mas nunca se bebe e o movimento de ‘contracultura’ (com o ‘desaniversário’) que nascia nas artes para combater o avanço industrial impiedoso com as pessoas. Mas é perceptível que Carroll não conseguiu achar uma solução para a mesma sociedade, apesar de criticá-la. Revertê-la transformaria o mundo em um País das Maravilhas, que não se mostrou tão maravilhoso assim. Sendo assim, Alice reconhece que ser mal-educada não leva a nada. E como redenção, descobre que tudo foi apenas um sonho.

“Cortem as Cabeças.”

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