terça-feira, 22 de junho de 2010

Pontes de Madison


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

The Bridges of Madison County
Filme estadunidense de 1995, dirigido e protagonizado por Clint Eastwood. Mostra a história real da dona de casa italiana Francesca, casada e com dois filhos, que mora em uma fazenda em Madison. Depois de sua morte, ela revela aos seus filhos o grande amor da sua vida, o qual teve contato físico por apenas quatro dias. Ele se chamava Robert e era um fotografo da National Geograph a procura das pontes cobertas que existiam na cidade. Sendo um romance detalhista, conta a história real de um amor impossível, sem cair na pieguice ou no conceito de “Romeu e Julieta”.

“Os velhos sonhos eram bons sonhos. Não se realizaram, mas foi bom tê-los.”

O principal foco do filme é o amor de mãe que Francesca nutria, capaz de fazê-la sacrificar seu grande amor, mesmo sabendo que iria sofrer para sempre. Por ser uma família rural, a tendência de ser moralista é enorme e o filme mostra como esse moralismo pode modificar as relações entre as pessoas. Os filhos, ao conversar sobre a morte da mãe, não mostram nenhuma tristeza profunda, apenas se preocupando com o que ficou da vida dela para eles.

“Eu agia como outra mulher.”

Ao descobrirem as cartas de amor entre a Francesca e Robert, os filhos entram num conflito interno. Não sabiam se deviam respeitar e entender a mãe, ou rejeitá-la como a adúltera que foi em vida. Como os valores de família e os de casamento eram considerados importantíssimos, não era inesperado que o pai lhes fosse mais presente e importante na vida deles. Logo, ao descobrirem uma falta de respeito dessas, a mãe ficaria para trás. Esse pensamento funcionou até o momento em que eles começaram a se enxergar no lugar da mãe. Começaram a rever seus próprios casamentos, que são falhos. Até por que conseguiram finalmente enxergar que, acima da traição, a mãe abandonou tudo (emprego próprio, cidade natal [Bari, Nápoles], amor verdadeiro, aventuras) que ela poderia ter para construir a tal família. Até que chega um momento em que os próprios filhos passam a se sentir mal por não ter a coragem que ela teve.

“Sentir-se só faz parte. Sentir medo faz parte.”

Voltando para o passado em que Francesca conheceu Robert, esse encontro aconteceu devido a uma viagem de sua família e à desorientação do fotografo, que não conseguia achar as tais pontes. Essa viagem familiar funcionou como uma terapia de liberdade e bem-estar para Francesca. Podendo ficar a vontade em casa, ouvir a música que gosta e se apreciar melhor e com mais calma. É importante perceber como ela se transformou, antes era uma mulher quieta e singela, mas apagada diante a vida que escolheu, depois é uma mulher que liberta seu erotismo e emana certa felicidade interior.

“É triste morrer como uma desconhecida para quem mais se ama.”

Robert se mostra um cara solitário e aventureiro. Rodando o mundo e acostumado a seus relacionamentos rápidos e intensos, se surpreende ao perceber que começa a amar Francesca. Eles chegam até a entrar em um conflito, no qual Francesca não sabia se ela era apenas mais um relacionamento temporário “normal” para Robert ou se era algo mais.

“Eu não sei se consigo fazer isso... Espremer uma vida inteira entre hoje e sexta.”

Talvez o ápice do relacionamento deles se encontre quando eles percebem um único fato: o amor era impossível. Se eles ficassem mais tempo juntos, o peso do escândalo, do fracasso familiar e das cobranças iria minar todo aquele amor que um nutria pelo outro. Então preferiram transformar esses quatro dias em um conto de fadas.

“Deixei a minha vida para a família. Quero deixar a minha morte para Robert.”

Na indecisão de ir embora, Francesca decide ficar com a família. A segurança do lar e o respeito de seus filhos lhe foram mais importantes do que sua felicidade e seu amor. No último momento, sentindo o peso de sua escolha, ela pode ver seu amor indo embora para todo o sempre. E o engraçado é que o amor entre eles não havia acabado até a morte dela. Quando seu marido morre (bem antes dela mesma morrer), ela tenta retomar o contato com Robert, mas em pouco tempo depois, ele também morre (e deixa tudo que ele tinha de herança para ela). O amor nunca foi tão impossível de se concretizar. Da mesma forma que Robert, ela pede para ser cremada e que as cinzas sejam jogadas na tal ponte em Madison que ela concretizou seu amor pelo fotógrafo. Felizmente seus filhos cumprem com seus desejos.

“Você nunca imagina que um amor assim aconteceria contigo. Mas, agora que aconteceu, quero ficar com ele para sempre. Quero amá-lo do jeito que amo agora toda a minha vida. Entretanto, se formos embora, perdemos tudo. Não tem como fazer sumir uma vida e criar outra nova. Ó me resta tentar me agarrar a nós em algum lugar dentro de mim. Ajude-me.”

4 comentários:

  1. ja vi esse filme mais de 10 vezes (claro que comprei o DVD) cada vez que assisto me vejo em Francesca, vivi essa história apenas trocando o local e nomes dos personagens...é uma honra passar por esta vida e ter vivido uma grande história de amor verdadeira e pura. coisa raríssima hj em dia. em meu facebook tenho fotos da casa e algumas frases que me falaram mto, tb tenho videos com as melhores partes do filme (apesar que cada segundo dele me retrata) em meu youtube.
    um abraço e parabéns por tua sensibilidade...

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  2. lindo,muito lindo chega ser real no momento que estamos assistindo amei.

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  3. Me vejo na pele de Francesca todos os dias, já assisti mais de meia dúzia de vezes e todas ela eu choro, eu sei exatamente o que ela sentiu. Belíssimo filme, comprei até o livro, que por acaso fica na minha mesa de cabeceira

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