terça-feira, 18 de maio de 2010

Ghost - O outro lado da vida


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Ghost

Filme estadunidense de 1990, se tornou um dos romances mais populares do cinema. Whoopi Goldberg levou de “melhor atriz coadjuvante” um Oscar, Prêmio Saturno, BAFTA e Globo de Ouro. O filme levou também um Oscar de “melhor roteiro original”, dois outros Prêmios Saturno (“melhor atriz” e “melhor filme de estréia”) e um People’s Choice Awards de “melhor comédia”.

“Eu só tenho medo que o sonho acabe.”

Sam é um executivo jovem e em uma boa situação financeira. Apaixonado por Molly, uma artista plástica, montam um apartamento juntos. O filme todo se baseia basicamente na intensidade do amor desse casal, que não são de muitas palavras, mas seus gestos e olhares dispensam qualquer papo. No começo, tenta sempre passar aquela idéia de que “coisas ruins não acontecem com a gente, só com os outros”, deixando sempre no ar aquela ameaça de que algo vai acontecer. E realmente acontece. Num “infortúnio” assalto, Sam morre. Nisso entra bem a crença espírita, que ficou, de certa forma, vulgarizada. Sam não vai para luz, pois não está preparado para sair do mundo terreno. Essa falta de preparação, no começo, parece que é a incapacidade dele aceitar a própria morte, mas na verdade, é o papel dela ajudar a Molly se livrar do perigo.

“Ah, Deus, me ajude.”

Vagando no mundo terreno, mas sendo invisível a todos, Sam aproveita a sua situação para descobrir o que ainda há de errado. Nisso, ele descobre que seu grande amigo Carl tinha feito uma trama para assaltá-lo (e, sem querer, causou a sua morte) e pegar a senha de um arquivo da empresa onde trabalham. Carl iria dar um golpe (em conjunto com alguns mafiosos) na empresa, no qual ele ganharia 80 mil e os mafiosos com quatro milhões. Em suma, Sam perdeu sua vida por 80 mil. Então, ele arma toda uma vingança, enquanto conhece outros personagens essenciais. Um deles é o espírito de porco que vive no metro. Com esse espírito, Sam aprende a usar a força da mente para movimentar objetos, numa clara mensagem de que o espiritual (emocional) é mais forte que o racional. Assim, Sam passa a interferir pessoalmente na vida terrena dos que ficaram vivos. E é assim que ele dá a prova clara que o espírito existe para Molly. Nessa formação, percebe-se que não há uma fé real no filme, para se acreditar em algo, tudo tem que ser provado.

“A vida muda em instantes.”

Oda Mae é a vidente charlatã que consegue o primeiro contato com Sam. É ela que vai desencadear todas as ações principais do filme. Percebe-se que, no filme, todos os personagens têm um papel definido. Sam é o guerreiro, amoroso, insistente e esperto. Molly é a linda, ingênua e amada mulher. Carl é o inescrupuloso materialista que não tem capacidade de amar. Oda Mae é a, também materialista, mas engraçada, forte e amorosa. Não há uma complexidade nos sentimentos dos personagens, mas apesar disso, mostra toda a alegoria sobre o amor que o filme trata sempre. É o amor que surge depois da morte, é o que fica na vida depois que ele some, é o que se mantém escondido por detrás de uma carapuça e é o mentiroso, que só é usado para conseguir algo de alguém. Outra habilidade que o filme tem é a de conseguir quebrar o clima de angústia da tristeza na qual Molly se afoga com a comédia provocada pelas trapalhadas de Oda Mae. Isso dá uma leveza no filme que o torna agradável. No final, apesar da igreja ser sempre bem vista (afinal, não é qualquer instituição que recebe uma doação de 4 milhões do nada), o clima de vingança ficou fora do contexto. A vingança se tornou plena (já que mandar o assaltante/assassino Willie e Carl para o inferno – literalmente, as sombras vieram buscá-lo – foi um fator que libertou a alma de Sam) e é justificada (pode-se matar pessoas quando elas são realmente más). Apesar disso, o céu e o inferno continuaram misteriosos. E o amor sempre vem em primeiro lugar. E outra mensagem deve ser passada:

“As pessoas acham que é eterno, que sempre haverá um amanhã, mas isso é mentira.”

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