domingo, 2 de maio de 2010

O Piano


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

The Piano

Filme produzido pela Austrália, França e Nova Zelândia em 1993. Ganhou o Oscar de “melhor atriz”, “melhor atriz coadjuvante” e “melhor roteiro original”. No BAFTA levou só “melhor atriz” enquanto no Globo de Ouro, levou o mesmo e levou também o “melhor figurino” e “melhor desenho de produção”. Ganhou no Festival de Vancouver, no Prêmio César, na Academia Japonesa de Cinema, no Independent Spirit Awards e no Prêmio Bodil o “melhor filme estrangeiro”. No NYFCC Awards, levou o “melhor diretora”, “melhor atriz” e “melhor roteiro”. No festival de Cannes, levou o Palma de Ouro e um prêmio de “melhor atriz”. O filme é voltado para o público feminino, assim como nos bastidores as mulheres dominaram (foi dirigida e roteirizada por mulheres). A atuação da atriz principal é tão forte que ela mesma toca o piano.

“No final, o silêncio afeta a todos.”

Ada é uma mulher refinada e que morava com o pai e sua filha Flora. Seu pai a prometeu para Stewart, um morador da exótica e rústica Nova Zelândia de relativo poder aquisitivo. Ela é muda desde os seis anos por motivo desconhecido e toca piano desde que se entende por gente. É como se o maravilhoso som que sai do piano fosse a sua voz, só que esta não pode ser rebaixada por tons e palavras ambíguas. O piano é sincero e embargado de emoções, mostrando o quão profunda é sua alma angustiada. A Flora, sua filha, é a perfeita figura de uma filha obediente, feliz e inocente. É segura como a mãe, mas desprovida dos grandes sentimentos que a afligem.

“Deixe me fazer coisas contigo enquanto tocas.”

Ao chegar ao novo país, ela não é tão bem recebida por seu novo marido (deixar o piano na água e a fazer tirar uma foto vestida de noiva sozinha no meio da chuva foram algumas das suas grandes gafes). Ao perceber que as profundezas da alma dela se encontravam no piano e ao saber que não poderia (e não queria) lidar com isso, vendeu o piano a um vizinho nativo chamado George Baines, que lhe ofereceu terras em troca do piano e das aulas de Ada. Quando ela descobre que Baines quer apenas a ouvir tocar em seu piano e percebe que ele a entende, dá inicio a um jogo sexual que pouco será aceito pelas pessoas que a rodeiam. Esse jogo dura até o momento que Baines devolve o piano, dizendo que eles poderiam continuar juntos apenas se ela quisesse (e se separasse do marido).

“Ele faz de você uma prostituta e de mim, um desgraçado.”

O piano sempre é visto como uma maldição, como aquela parte obscura da alma. Stewart e Flora, desde o começo sabiam do relacionamento extraconjugal de Ada. Ele apreciou o sexo dos dois (trazendo a clara idéia de um voyeurismo) e depois a aprisionou em sua casa e Flora o apoiou.

“Tenho medo de meus desejos. Do que eles são capazes de fazer. São tão fortes...”

A alma de Ada se aprisionou tanto que seus instintos sexuais se afloraram cada vez mais, fazendo com que ela faça cariciais bastantes sugestivas em seu marido, apensar de sentir repulsa pelo mesmo. Ele, mesmo se sentindo traído e não confiar nela, aprecia seus toques. Mas ao voltar a realidade, e perder a total esperança, volta ao primitivo psicológico e corta o dedo dela com um machado, declarando que se ela encontrasse Baines novamente, iria cortar um dedo por um. Nesse momento, Flora, que ficou no lado dele o tempo todo, se volta para a mãe. Assim, ela recupera um pouco de seu espírito, coisa que seu piano não o fazia. O piano só insistia em sempre mostrar a alma torturada que Ada tinha.

“Ela tem razão. Isso é um caixão. Deixe que o mar o sepulte.”

Ao entender que nada poderia fazer para ficar com Ada, entregou-a para Baines. Eles finalmente podem ficar juntos e resolvem sair daquele país. Mesmo diante dessa nova oportunidade, Ada continuava a sofrer constantemente. No meio da travessia no mar, ela pede para que o piano seja jogado no oceano. Eles atendem ao pedido e ela se prende à corda do piano, afundando junto. Assim, ela achou que poderia fim a todo aquele sofrimento. E pôs, pôs a tempo de fazer com que ela saísse do fundo e percebe-se que ela tem vontade de viver. Ao abandonar o piano no mar e quebrar o silencio provocado pelo som da sua alma que saia das notas do mesmo piano, ela pode começar a dar inicio à sua nova vida, aprendendo a falar e viver com as pessoas que ama: Flora e George.

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