sábado, 30 de outubro de 2010

Paris, te amo

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Paris, je t’aime

Criado em 2006 como o primeiro filme do Projeto Cities of Love (Cidades do amor), é, na verdade, uma coletânea de curtas independentes com cerca de cinco minutos cada. Todos são feitos por um diretor específico conhecido mundialmente. Têm como objetivo retratar o amor em Paris, sendo que esse amor pode ser maternal, fraternal, entre homem e mulher, entre dois homens, entre alguém e a cidade, etc.

“Cada esquina tem uma história para contar.”

Abaixo, temos todos os curtas em ordem que foram apresentados no filme:

1) Montparnasse de Bruno Padalydes – um homem frustrado pela falta de amor na sua vida se apaixona por uma mulher que desmaia no estacionamento em que ele estava. É o amor a primeira vista.

2) Quais de Seine de Gurinder Chadha – Dois garotos jovens ficam paquerando e incomodando as mulheres que passam na rua enquanto um olha apaixonadamente para uma garota muçulmana. Depois de ajudá-la, encontra com ela na Mesquita e ficam juntos (sob aprovação do pai, é claro). O respeito gera amor.

3) Le Marais de Gus Van Sant – Numa galeria de artes, um garoto filosofa sobre a vida e se declara pra um ajudante da galeria, que permanecia calado. No final, ele lhe entrega o telefone. Depois que vai embora, o ajudante revela que não fala a língua do garoto e não havia entendido nada. O amor acontece, mas não vence a barreira da língua sempre. Infelizmente.

4) Tuileries de Joel & Ethan Coen – No metrô, um turista quarentão lê num guia de viagens que não se deve encarar as pessoas na rua. Sem querer, ele encara um casal jovem do outro lado da estação. O rapaz fica com raiva, briga com a garota dele, que fica com raiva também. Num ato impensado, ela vai até o lado do turista e o beija. O rapaz fica enlouquecido e desce socos e chutes nele. No final, o casal sai bem e mais apaixonado e o turista se vê no chão, todo machucado. É, o amor jovem é louco.

5) Loin Du 16ª de Walter Salles & Daniela Thomas – Uma jovem garota deixa seu bebe de colo na creche e passa um bom tempo no transito até chegar à casal na qual trabalha como babá. E cuida do bebê da sua chefa, cantando a mesma canção de ninar que canta pro seu filho. O amor pode ser irônico e cruel, às vezes.

6) Porte de Choisy de Christopher Doyle – Na ruas de uma Paris irreal, um vendedor de produtos de beleza é mal recebido por uma ex-lutadora oriental que agora era dona de salão de beleza. Após comprovar a qualidade do produto, todas começam a tratá-lo bem e seduzirem ele. O marketing como responsável pelo amor.

7) Bastille de Isabel Coixet – Um homem decide se separar de sua mulher em um restaurante para viver com sua amante. Antes, ela conta que está com leucemia avançada. Ele desiste da separação, se desfaz da amante e cuida dela com todo o amor possível. De tanto fingir que a ama, cuidando dela, passa a amá-la de verdade. Até ela morrer. E ele nunca supera a morte dela. O amor nem sempre é justo.

8) Place des Victories de Nobuhiro Suwa – mãe ainda transtornada pela morte do filho (enquanto o resto da família já superou), vê o cowboy, que o filho tanto gostava, na rua. Lá, ele lhe dá a oportunidade de ver seu filho novamente. Ela o sente, e percebe que é hora dele ir embora pra sempre. O amor materno é único, e imortal.

9) Torre Eiffel de Sylvain Chomet – molequinho conta como seus pais se conheceram: eles eram mímicos e ignorados por todos. Apesar de toda melancolia marcada em seus rostos, sempre tentavam chamar atenção. Até que um dia, incomodaram tanto que foram presos. Dentro da cadeia, eles se conhecem. Para amar, precisa ter humor.

10) Parc Monceau de Alfonso Cuaron – Mostra o dilema da mãe em deixar o filho pela primeira vez, para ir ao cinema com uma amiga. E ela confia no pai dela (que faz de tudo para tranquilizá-la) para cuidar do bebê. O amor que passa por gerações.

11) Quartier des enfants rouges de Olivier Assayas – Um traficante, ao levar cocaína para uma atriz americana, se apaixona por ela e ela não percebe. Depois, ela sente “falta” dele e pede coca novamente, como um pretexto para vê-lo novamente. Só que outro vai e entrega a droga à ela (e a rouba). O amor nem sempre acontece.

12) Place des Fetes de Oliver Schmitz– Um rapaz negro paquera a enfermeira que o ajuda. Ele a havia visto uma vez enquanto limpava um estacionamento. Nesse tempo, ele foi demitido e alguns jovens roubaram as coisas dele e, por reagir, acaba levando uma facada. Ele morre nos braços dela. O amor, algumas vezes, não tem tempo para acontecer.

13) Pigale de Richard Lagraveneze – um velho abastado vai para uma boate erótica. Lá ele encontra uma senhora de idade que o paquera. Depois, percebe-se que eles já se conhecem e que são um casal entediado realizando uma fantasia sexual (sexo anônimo) para reativar o fogo. Não dá certo e eles brigam. E depois se entendem. O amor vai muito além de fantasias sexuais.

14) Quartier de La Madeleine de Vincenzo Natali – Nas ruas de uma Paris irreal, um jovem vê uma bela vampira sugando sangue de uma pessoa já morta. Ao encará-la, vê amor em seus olhos (e vice-versa). Ela resolve ir embora e deixá-lo em paz. Ele a quer e se corta pra que saia sangue e ela fique com ele. Ela vai embora mesmo assim. O corte foi mais profundo do que ele esperava e começa a morrer. Ela suga o sangue dele e o transforma em vampiro. O amor ao extremo pode trazer resultados mais extremos.

15) Pire-Lachaise de Wes Craven – No cemitério, um casal em “lua de mel” (não se casaram ainda) passeia entre os túmulos, até encontrarem o de Oscar Wilde. Passam a discutir a relação e a garota percebe que falta sorriso na vida dele, desistindo do casamento. Irrealmente, o rapaz vê Oscar Wilde lhe dizendo para correr atrás dela e aprender a sorrir. E ele o faz. Algumas vezes, para amar basta apenas sorrir.

16) Faubourg Saint-Denis de Tom Tykwer – Um garoto passa a refletir todo o processo de namoro que tem com uma atriz Londrina depois de receber um telefonema dela terminando tudo. Percebe que a ama acima de tudo. E sabe que a ligação era apenas mais um treinamento para uma peça que ela estava trabalhando. O amor prega peças e dá muitos sustos.

17) Quartier Latin de Frederic Auburtin & Gerard Depardieu – Um ex-casal idoso se encontra num restaurante e começam a falar de seus atuais parceiros sem discrição e com muita diversão. Algumas vezes, não é preciso viver junto para amar plenamente.

18) 14º Arrondissement de Alexander Payne – Uma turista, já em idade avançada, junta todo dinheiro que pode para passar uma semana em Paris (depois de ter passado a vida aprendendo a falar francês). Se sente solitária, mas feliz. Descobre que se apaixonou pela cidade. E que Paris se apaixonou por ela.

No final, algumas histórias se encontram. Outras não. Mas todas terminam bem de alguma maneira. E sempre apaixonados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário