terça-feira, 6 de abril de 2010

Gran Torino



Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.


Filme estadunidense de 2008, foi dirigido, produzido e atuado por Clint Eastwood. De acordo com o mesmo, esse seria o último filme no qual ele faria papel de ator principal. Apesar de ser um filme tipicamente hollywoodiano, principalmente por exaltar o “American Way of Life”, vale a pena ser visto.

“Parece que você sabe mais sobre a morte do que a vida.”

Walt é um veterano da Guerra da Coréia, viúvo, racista, sem religião (muito menos fé) e conservador. O bairro no qual ele mora tem um grande aumento de moradores Hmons, imigrantes orientais vindos de Laos, Tailândia e China. O filme, que tem como tema central a redenção, mostra em seu plano de fundo, uma América suburbana com valores éticos cada vez mais em queda. O choque de cultura entre os Hmons e o típico americano que é o Walt, provoca uma grande mudança na mentalidade desses povos.

“As garotas vão para a faculdade e os garotos vão para a cadeia.”

A igreja com seu discurso alienante, os pais negligentes e passivos, existência de gangues divididas por etnias (negros, asiáticos e brancos). Walt como pai se tornou um pai tão desagradável e distante que os filhos não o suportam e muito menos o respeitam, querendo muitas vezes se aproveitar dos privilégios financeiros que o pai possui. Thao, caçula da família hmon, vizinha de Walt, é um garoto sensível e tímido que sofre por não ter o porte necessário para ser o “homem da casa” e também por não querer entrar em uma gangue. Na verdade, ele encarar a gangue e recusar a fazer parte dela levou a Walt ter um fim trágico.

“Quantos ratos cabem em uma casa?”

O encontro inevitável de Walt e Thao faz com que se tornem amigos. Walt possui um carro muito cobiçado por todos: um Gran Torino 1972 de traseira longa. Ele possui também uma labrador chamada Daisy, que nos faz perceber um pouco de humanidade embaixo da carcaça fria que é o Walt. O filme possui uma grande quantidade de expressões e ações machistas, na qual para um garoto se tornar um homem de verdade: ele deve falar como homem, trabalhar em coisas de homem e agir como um homem. Mostra-se também, o contraste entre uma família americana, que é dita como boa, apesar de muitas vezes ser dilacerada pelo dinheiro e pela frieza entre os parentes, e a família hmon, que é dita como ruim e supersticiosa, mas que possui uma união incrível entre os parentes.

O filme mostra, principalmente, a frieza com a qual Walt pratica suas ações. É perceptível desde o começo que a vida dele é uma verdadeira dança da morte, na qual ele não teria como sair vivo (e ele tinha plena consciencia disso). Tudo na vida dele já tinha acabado. E ele foi capaz de se sacrificar por aqueles que merecem, os hmon, mesmo que ele os conheça por pouco tempo. Foram mais próximos e o amaram mais que seus filhos e netos.

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