quinta-feira, 22 de abril de 2010

Hair


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Filme estadunidense lançado em 1979. É inspirado no espetáculo musical homônimo da Broadway. Ganhou o prêmio David di Donatello de “melhor diretor de filme estrangeiro” e “melhor trilha sonora de filme estrangeiro”. Sofreu muita censura no mundo inteiro, inclusive o Brasil (que estava na ditadura militar) pelas cenas de nudez e recebeu muitas criticas do EUA pelo desrespeito à bandeira americana.

“Daremos início à Era Aquário.”

Sendo o maior ícone de contracultura dos anos 60 e 70, suas músicas são alegres e contagiantes. Facilmente se tornaram ícones culturais, como a “Let the sunshine in” e “Aquarius”.

“Pai, por que essas palavras soam tão mal?”

Mostrando os hippies de uma maneira muito poética (contrariando as falsas imagens geradas pela mídia, mas também a realidade cruel que a eles foi submetida), abordou os questionamentos que perduram até hoje, sendo o principal deles o: quem tem capacidade de comandar a própria vida? Os jovens com sua coragem e abusos ou os velhos com suas experiências e preconceitos? A música “Hair” mostra a importância simbólica em manter o cabelo grande e natural, como se isso permitisse que você fosses a pessoa que você quiser ser (partindo do princípio que, se você não tem direito de ter o cabelo que quiser, como irá comandar a própria vida?). O filme tem como o maior objetivo mostrar a importância de você ser você mesmo sem ter medo de ser reprimido. Mas esqueceu de avisar as suas conseqüências.

“Eu estou evoluindo através das drogas que você rejeita.”

Essa frase deixa bem clara a importância da rebeldia na juventude. Para ser melhor que seus próprios pais, muito das coisas que lhe são proibidas são feitas. Isso inclui a liberação sexual, e a sua inconsequência perante a gravidez (quebrando assim, todas as regras de família que são impostas), o uso das drogas (trazendo uma literal fuga da realidade que não lhes agrada) e protestos. Fazendo uma grande sátira à crítica dos adultos que dizem que “ouvir essas músicas é coisa do inferno”, a música é sempre mostrada como desestabilizadora da disciplina (como mostra na cena em que os militares são obrigados a ouvirem um rock’n roll). E jogando o preconceito na cara de todos, uniu o pior e o melhor para os conservadores americanos ao mostrar os militares como gays (na qual eles cantam a famosa música “White Black Boy”).

“Acredito em Deus. E acredito que ele acredita em mim.”

Essa frase trás de volta a idéia de que o importante é que você seja quem você quiser, não importando qual posição você se encontra. A elite é mostrada de forma muito clássica e inflexível, sendo muitas vezes estúpidos e covardes. Apesar de não ser fiel à realidade, é interessante ver a forma de reação dessa elite diante as ações dos hippies (muito deles reagem com uma educação fora de contexto ou ficam simplesmente parados, recebendo ofensas com passividade).

“Como podem não ter coração? É fácil ser frio.”

Muito dos hippies, ao se preocupar com as injustiças mundiais, esquecem as que cometem dentro de casa (isso é perceptível na cena em que o hippie rejeita e humilha a mulher e o filho). Na verdade, o único que parece não ter reais defeitos e se mostrar como um idealizador ingênuo é o Berger. Ele é quem ajuda a todos sem temer as conseqüências e no final acaba por morrer, ao trocar de lugar no quartel militar com seu próprio amigo, que é um conservador crente, o Bkowisky. Isso mostra que é possível que um lute pelo outro, apesar de ter graves consequências (ou não). Berger, ao caminhar para a sua morte, deixa uma pergunta no ar:

“Para onde vou? Que me digam por que vivo e morro. Para onde me levam?”

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