segunda-feira, 19 de abril de 2010

Moulin Rouge! - O amor em vermelho


Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Moulin Rouge!
Filme australiano/estadunidense lançado em 2001, é inspirado na ópera de La Boheme e La Traviata. Venceu o Oscar de “melhor direção de arte” e “melhor figurino”, BAFTA de “melhor som” e “melhor música” e Globo de Ouro de “melhor filme”, “melhor trilha sonora” e “melhor atriz”. O filme termina a trilogia do diretor Baz Luhrmann, começada por “Vem Dançar Comigo” e “Romeu + Julieta”. Hoje, o filme se encontra em duas listas da AFI (American Films Institute): 25 melhores musicais de todos os tempos e 100 melhores músicas dos últimos 100 anos.

“A coisa mais importante que você aprenderá é simplesmente amar e ser amado.”

O filme conta a história de um amor impossível (lembrando-nos Romeu e Julieta, um dos filmes anteriores do diretor) entre a cortesã mais bonita do Moulin Rouge e um escritor pobre que tinha como sonho participar da Revolução Boêmia. Christian, o tal escritor, foi inspirado no Orfeu da mitologia grega. Ele teria um dom gigantesco e se apaixonaria uma mulher que não era destinada a ser dele (no caso da mitologia, é a Eurídice, que morre jovialmente e ele desce até o inferno para buscá-la). Satine é aquela personagem forte, segura de si e ingênua, acreditando que seguindo o caminho de cortesã, poderá se tornar uma grande atriz. Zidler é o dono do Moulin Rouge, severo e muitas vezes cruel, apesar de ter uma boa alma. Ele que inicia toda a trama ao dar ao Duque a exclusividade de Satine para que invista em seu querido Moulin Rouge.

“Um beijo na mão é bonito e sotisficado, mas os diamantes são os melhores amigos da mulher.”

Muitas músicas usadas e famosas de filmes anteriores foram usadas e modificadas para esse filme. “The montains are alive” de Noviça Rebelde, “Sparkling Diamonds” de Os homens preferem as loiras (originalmente cantada por Marylin Monroe) e o “The show must go on” do All that Jazz (último musical de real sucesso no cinema).

“Meu presente é uma canção, e esta é para você.”

Uma das maiores realizações do filme foi fazer o uso de músicas conhecidíssimas e populares, mas adaptando-as magistralmente, como se fossem criadas para o filme. Entre as musicas está a “Like a virgin” de Madonna, “Nature Boy” de David Bowie, “Roxanne” de The Police e “In the name of Love” de U2. E são através da música que as paixões se manifestam, tanto as negativas (entre duque e a cortesã) e as positivas (entre o escritor e a cortesã).

“O amor nos eleva. É tudo que precisamos!”

Com a chegada do século XX, os boêmios tinham como objetivo viver seguindo os seguindo os seguintes conceitos: verdade, liberdade, beleza e amor. Desse objetivo saiu a crença do amor verdadeiro e a libertinagem sexual. O maior inimigo desse amor viria de dentro de nós. Seria o ciúme. Ele projetaria toda a raiva da nossa alma e acabaria com nossa saúde e amor. A peça criada pelos personagens no filme é um verdadeiro ensaio sobre o amor. E, assim, a peça mostra a condição que se encontra a cortesã e o escritor, num verdadeiro mundo de emoções e impossibilidades.

“O show tem que continuar. Somos criaturas do submundo. Não podemos nos dar o luxo de amar.”

Em 1900, Paris fervilhava com a Revolução Boêmia e Moulin Rouge era um dos maiores centros parisienses. Sua fachada é um verdadeiro moinho vermelho e foi uma das primeiras a ter eletricidade. O filme se mostra fiel ao fazer o quarto medieval e o elefante, que realmente existiam. Era a maior e mais luxuosa casa noturna da cidade e havia varias formas de lazer, como cabinas privativas, salas escuras, coretos, bares, etc. Uma das danças mais populares da casa era o Can Can, vista como altamente sensual e puramente erótica. Para reconstruir tudo isso e montar o filme, foram necessários dois anos. Para mostrar toda a movimentação da casa e da época, o filme é o tempo todo vibrante, colorido, exagerado, alucinado, barroco e histérico. É como se o inferno estivesse na terra explodindo de prazeres carnais, e do mesmo, surgissem as verdadeiras e belas paixões.

“No amor pela melhor oferta, não há confiança. E sem confiança, não há amor.”

Quando o duque descobre a paixão, ameaça matar o escritor. Quando Satine descobre isso e que está morrendo de tuberculose, afasta-o dizendo que não o ama mais. Nisso se inicia uma explosão de sentimentos que vão da depressão a raiva, na qual a posição de vítima e agressora é trocada constantemente. A cena clássica do filme é a peça final. Enquanto a platéia se diverte achando que tudo é uma verdadeira comédia e no final ficam minutos aplaudindo, nos bastidores acontece o maior drama, levando a tragédia final, na qual Satine não resiste e morre devido a doença. É com essa história de amor platônico que Christian escreve o seu tão sonhado livro. Antes, não fazia idéia de o quanto esse livro custaria à sua alma.

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