segunda-feira, 22 de março de 2010

Crepúsculo dos Deuses

Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.

Sunset Boulevard
 
É um filme norte-americano feito em 1950, pelo diretor Billy Wilder. Tem como gênero o drama Noir, que levou o filme a ter um final trágico. Ganhou o Oscar de “melhor direção de arte” e “melhor roteiro”. No Globo de Ouro, levou o “melhor filme”, “melhor diretor” e “melhor atriz”. Em coincidência nos dois prêmios, levou o “melhor trilha sonora”. Levou também o prêmio Bodil de “melhor filme estadunidense” e Jussi Awards de “melhor atriz estrangeira”.

“Por que não fica e assiste? Sabe, o cinema mudou muito.”

O filme é uma grande homenagem ao cinema e faz grandes críticas à Hollywood. Na época, Wilder foi intensamente adorado e odiado, sendo chamado muitas vezes de “perturbador” pelo público e “traidor” pelos colegas cineastas. Entrou na lista dos 20 melhores filmes da AFI (American Films Institute) e foi considerado “culturalmente, historicamente e esteticamente significante” pela Biblioteca do Congresso Estadunidense. No filme, mostra também a influência do jornalismo em Hollywood. Muitas vezes eles são tratados como “sem coração” e distorcedores da realidade por não se apiedar das pessoas que compõem a sétima arte.

"As estrelas não têm idade, tem?”

O filme é repleto de curiosidades. A atriz que atua como a protagonista Norma Desmond é a Glória Swanson, uma estrela do cinema mudo que realmente não conseguiu se adaptar ao novo cinema. Erich Von Stroheim, que atuou como o Max, foi um diretor muito conhecido no cinema mudo. A cena que se passa, quando os protagonistas estão no cinema particular de Norma, é do filme “Minha Rainha”, o mesmo filme que trouxe o fim da carreira de Von Stroheim e Swanson (ele foi financiado por Joe Kennedy, político importante da época e pai de John Kennedy, ex-presidente dos EUA). Outra grande estrela do filme é o carro Isotta Fraschini, que é europeu e feito a mão, tinha como destaque o estofamento feito de pele de onça e telefone foleado a ouro.

“Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos.”

Norma Desmond é uma rainha do cinema mudo que já fora esquecida há muito tempo. Podre de rica devido a seus gigantescos salários do passado, mora numa mansão extremamente luxuosa no interior (o que contrasta com a sua decadência externa – o que leva a muitos crerem que a casa está abandonada). Vivendo uma vida vazia, tinha como maior companheiro um Chimpanzé e seu empregado Max, mostrando a solidão na qual ela convivia. Desmond insiste em viver no passado, negando aceitar o presente obsoleto que possui. Suas relações também não são as melhores. Seus amigos são os “bonecos de cera” (antigas estrelas do cinema mudo) que nada acrescentam na vida dela. Max já fora seu marido e agora vive para servi-la, fazendo muitas vezes coisas absurdas (como enviar muitas cartas para Norma, como se tivessem vindo de vários fãs) a isolando da verdadeira realidade.

“Ela era sublime. Você é muito jovem para saber.”

Um roteirista sem dinheiro e fama acaba entrando na vida de Norma. Ele passa a fazer o papel de gigolô quando aceita viver as custas dela, morando juntos na tal casam, por dinheiro. Ele também passa a alimentar a ilusão de que ela poderia fazer um retorno ao cinema com um roteiro criado por ela. O roteiro não dará em nada e ele sempre soube disso, mas preferiu o conforto e o dinheiro. A companhia dele se transforma em um amor doentio para Norma, começando a sufocá-lo. Paralelamente, outra história acontece: a do amor que ele nutre por uma roteirista pobretona que vai se casar com um grande amigo seu. Ela encontra um roteiro criado por ele e quer montá-lo e vendê-lo para a Paramount (com garantias de que tudo funcionará). Ao descobrir que ela a ama (e vice-versa), ele entende que essa é a chance dele sair da vida fútil e indesejável que levava com Norma (que descobre tudo depois de um tempo). Percebendo que poderia dragar a menina para uma vida conturbada e de futuro incerto, a poupou de sofrimentos e fez com que ela se afastasse.

“Grite comigo e bata em mim. Só não me odeie.”

Norma enlouquece de ciúme e faz o roteirista perceber que não dá para continuar a viver daquela forma. Apesar de tentar o suicídio cortando os pulsos uma vez e ameaçar o outro com um revolver, ele vai embora. Um momento antes de ele partir, ele conta toda a realidade que ela nunca quis aceitar (o roteiro era ruim, fãs não lhe mandavam cartas e sua fama já tinha acabado). É nesse momento que a loucura de Norma chega ao máximo, na qual ela acerta três tiros em seu amante. É certo que ela o fez por ver que pela primeira vez, ela fora rejeitada. Isso é algo inaceitável no mundo dela. O filme termina com sua sanidade quase nula, descendo a famosa escadaria entre policiais e repórteres, acreditando que está fazendo um filme. De certa forma, o destino se apiedou de Desmond ao lhe dar, como presente, a loucura. Ela jamais saberá que não é mais uma estrela.

“De Mille, estou pronta para o meu close.”

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