sábado, 6 de março de 2010
Memórias de uma Gueixa
Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.
Memoirs of a Geisha
É um filme de Hollywood lançado em 2005 e que fez um grande sucesso apesar de toda a sua polêmica. Ele é do gênero dramático e foi baseado num best-seller da época com título homônimo do autor Arthur Golden. Nas categorias de “melhor figurino” e “melhor fotografia” ganhou um Oscar e um BAFTA. Além disso, levou outro Oscar de “melhor direção de arte” e na categoria de “melhor trilha sonora” levou um Globo de Ouro e mais um BAFTA.
Antes de começar a falar sobre o filme, quero deixar bem claro que apesar de conhecer (até mesmo concordar algumas vezes) com a crítica que foi feita ao filme irei demonstrar a importância dele por ter sido um filme de grande influência no ocidente (pelo menos).
O filme é capaz de quebrar o estigma de uma gueixa ser uma prostituta. Além disso, pôde mostrar um outro mundo de hábitos e costumes que não são valorizados no ocidente. Deixando de lado o romance de cinderela oriental, é possível perceber como o tratamento dado as mulheres eram severos e delicados ao mesmo tempo. Acima de tudo, é possível conhecer um mundo que não existirá nunca mais.
“Não nos tornamos gueixas para termos uma boa vida, mas porque não tivemos outra escolha.”
A palavra gueixa significa artista. Uma gueixa é uma obra de arte em movimento num mundo proibido e frágil. Desse jeito poético mesmo. Elas não vendem seus corpos, mas sim seus talentos. Elas não são cortesãs e não são esposas. Elas são meia-esposas. Companhias da noite. A arte sensual (não se pode chamar de erótica) é praticada nos menores detalhes, no qual um pulso ou um toque acidental de pernas podem levar homens ao êxtase. Não é por acaso que para se tornar uma aprendiz de gueixa (uma maiko), precisa conseguir parar um homem na rua com apenas um olhar.
Numa gueixa, tudo relativo à aparência importa: a postura impecável, a arte de falar, o modo de andar gracioso, ser mestre no quimono, saber como tomar chá sensualmente e saber dançar, cantar e tocar um instrumento são características necessárias. E para alcançar toda essa disciplina, a agonia e a beleza devem andar lado a lado. Apesar de todo o luxo e glamour que as cerca, elas não têm o direito de amar. Gueixas não têm sentimentos.
“Um poeta uma vez escreveu um poema intitulado como ‘Perdas’ e o gravou numa pedra. Depois ele rasurou as suas palavras, para que não possamos ler, e sim sentir.”
É perceptível que naquela época a dignidade e a educação das mulheres eram mais importantes que família e amizade. Era essa educação unida à dignidade que lhe traria um bom futuro.
Com a 2ª guerra mundial e a entrada de americanos no Japão, a sua ocidentalização se formou rapidamente e todo esse mundo misterioso e gracioso sucumbiu. E sucumbiu por si mesmo. Sem os mistérios e os rituais, nada restava. Entrou no lugar a banalização e o preconceito. Assim começou a passar a imagem e gueixa como prostituta. Não haveria como acontecer diferente. Infelizmente.
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