Atenção: O filme é comentado do início ao fim, podendo conter spolier.
Filme Brasileiro de 1983, se tornou um dos mais admirados até hoje pelos brasileiros. Ganhou no Festival de Brasília em “melhor diretor” e “melhor ator coadjvante”. É baseado num clássico literário homônimo de Visconde de Taunay.
“Ah, Inocência... Deixa falar teu coração.”
É dito que essa história é baseada numa menina sertaneja que Visconde de Taunay realmente conheceu e se apaixonou. Com isso, a história conseguiu unir harmonicamente a realidade com a ficção, algo inédito no Brasil. O filme nos faz lembrar “Romeu e Julieta” de Shakespeare, pelo amor intenso de Inocência e Cirino e o final trágico que remete aos dois. Mas como um bom filme Brasileiro, não deixa de fazer uma certa crítica ao Brasil Colonial e seus costumes no interior, fazendo bastante o uso da linguagem coloquial.
“Se é de paz, pode desmontar.”
O filme inteiro nos faz lembrar a concepção que diz: as pessoas agem de acordo com o tipo de vida que leva. Com isso, qualquer coisa fora do padrão não é considerada. Inocência foi prometida ao Marreco pelo pai (por este dever dinheiro) que não pensou nem em discutir com a filha sobre o que ela quer. Pereira, o pai de Inocência, é um homem ingênuo e desconfiado. Por um comentário elogioso e inocente, quase levou o Meier (amigo de seu irmão) à morte. Durão e conservador, preferiu ver a filha morrer, literalmente, de tristeza do que faltar com a palavra que tinha prometido ao Marreco.
“Um dia ela chegou e me disse: Pai, quero aprender a ler. Imagina se eu deixasse.”
No interior sertanejo do Brasil, o preconceito contra as mulheres era alto. Elas não tinham poder de escolha. Inocência era considerada ousada por fazer pedidos singelos como estes, mas ela era diferente das outras sertanejas. Bela e delicada, viveu um dilema de correr atrás do amor da sua vida e perder a benção de seu pai, que lhe era de extrema importância. No final, sem seu amante, morreu. A benção do pai não lhe seria capaz de salvar. Eles viviam tão isolados no interior, que o Pereira recebeu uma carta pela primeira vez só depois de velho e nem sabia ler. Não precisava aprender a ler.
“Porque o céu nos quer tão mal, Inocência?”
Cirino foi o médico que salvou Inocência da malária. A partir do toque de suas mãos nos pulsos de Inocência, se apaixonou enlouquecidamente. Culto e cavaleiro, não tirou a pureza de sua amada e preferiu correr atrás de um meio certo para tê-la. Encontrando o padrinho de Inocência, fez o acordo de, caso o padrinho considere que os dois devam ficar juntos, encontrá-los embaixo de duas árvores peculiares. Por desventura do destino, Marreco encontra o médico antes e o mata. Ao morrer, Cirino percebe que o padrinho havia aceitado a união entre os dois, mas que seria tarde demais. Inocência, mesmo sem ver seu amante morto, sentiu que ele havia abandonado o mundo terreno. Não suportando viver sem ele, adoeceu e morreu.
Um detalhe interessante e romântico é a borboleta que Meier encontrou e deu o nome de Inocência, em homenagem a bela menina. É como se sua beleza e delicadeza fosse eternizada, mesmo com seu corpo morto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário